sábado, 24 de março de 2018

A Escolha de Sofia

Almoço de "apetites" (da minha lavra, sem segredos - qualquer pessoa cozinha "tripas à moda do Porto"...) e fiquei disponível para ficar por casa, talvez com um filme por companhia...
Como não sou fã de fitas dramáticas, saltei de canal em canal até chegar à RTP Memória a tempo da sessão da tarde: "A Escolha da Sofia".
Como a protagonista dava (e dá!) pelo nome de Meryl Streep, sem ler o genérico, fiquei...
Agora que o filme chegou ao fim, estou "exausto"!
Lembrar a chacina dos judeus não estava nos meus planos - nunca está nos meus planos.
Para quem não conhece o filme, sugiro que o procurem na box da Meo (quem a tiver...), e regalem-se com mais uma das grandes interpretações da Meryl Streep.
Recupero a informação da RTP:
Um conto trágico do amor de um escritor por uma sobrevivente do holocausto
"Nos anos 40, uma emigrante polaca, depois de ter perdido dois filhos nos campos de concentração nazis, vai para Nova Iorque para tentar refazer a sua vida...
Lá, conhece um biólogo judeu cheio de problemas, com quem vive uma tumultuosa paixão...
Baseado no best-seller do mesmo nome da autoria de William Styron e assinado por Alan J. Pakula, um filme de grande intensidade dramática protagonizado por Kevin Kline e Meryl Streep, que tem aqui mais uma das suas grandes interpretações que lhe valeu um Óscar para a Melhor Atriz".

sexta-feira, 23 de março de 2018

Piercings & mini saias (2)

"Minissaias, piercings e tatuagens banidos do Hospital de Cascais - JN"


Li, mas não foi surpresa o que li…
Em 2008, quando a primavera era criança, passou-se algo semelhante, com honras de polémica institucional; moi-même, aqui na serra, na altura fui de critica ligeiramente afiada opinar no meu blog com barbas, o RiTuAL, e acrescentei uma estorieta sobre a clínica espanhola San Rafael, em Cádis:
https://ritualmente.blogspot.pt/2008/04/piercings-mini-saias.html

Agora, perante a “novidade” da notícia desta manhã, das duas, uma: ou adapto o texto de então e faço dele coisa nova, ou deixo a porta escancarada aos curiosos das ideias peregrinas do então deputado socialista Renato Sampaio, autor do "tal" projeto lei.Para facilitar, decidi partilhar por inteiro o post de abril de 2008.

...

O deputado socialista Renato Sampaio é autor de um projecto-lei que, eventualmente, pode alterar a liberdade de quem pretende decorar parte do corpo com piercings. Como a saúde está primeiro, entende o deputado que deverá existir legislação adequada aos malefícios das tatuagens e similares, o que me parece bem …

Confesso desconhecer pormenores sobre a matéria, verdade seja dita. Portanto, a estória dos piercings e das tatuagens é coisa que não me dá pena, mas se o Governo entende por bem emitir Lei sobre o assunto, que o faça, está no seu direito.

Ora, factos são factos (a propósito: no acordo ortográfico luso brasileiro, o vocábulo «facto» fica como está – uma boa notícia para os puristas) e quanto a isso, nada a fazer: o IVA sempre vai baixar lá para o verão, o que pode significar melhoria de vida para os portugueses, na opinião do Primeiro Ministro, mas quanto aos piercings nada está decidido - uma péssima notícia para quem os usa ou pensa vir a usar, depois de legalizada a sua aplicação – escolhi este dois “factozinhos” por me parecer que não estão no mesmo pacote das coisas importantes - ou talvez estejam – para o português comum… Acreditando que o projecto-lei tem pernas para andar; no futuro a quem competirá fiscalizar a aplicação dos pingentes? À ASAE? Pois, não se sabe, mas há-de ser giro o fiscal, depois de se identificar, claro, solicitar ao eventual “prevaricador” que mostre certas partes do corpo, por norma resguardadas no recato de um slip; a elas, que desça o decote e o soutien!

… Se desce o decote, porque não subir a bainha da saia?

O “Público” online, a propósito de saias curtas, conta como a clínica espanhola San Rafael, em Cádis, espolia em alguns euros as suas funcionárias pelo simples facto destas não usarem mini-saia, como está estipulado no uso do uniforme obrigatório. As senhoras, enfim, recusaram o traje que, além de deixar as pernas descobertas obriga ao uso de um avental justo e pouco prático – leio. Além disso, argumentam, sentem-se objectos decorativos; diz uma: – “quando estamos a trabalhar não temos liberdade de movimentos e não nos podemos baixar para atender doentes que estão acamados".

Apesar dos nossos brandos costumes, acho que entre nós este tipo de farda jamais teria opositores (as), digo eu que sou do tempo do grande sucesso da mini-saia (inventada por Mary Quant dizem uns, outros dão a paternidade a Pacco Rabanne), a não ser que a proibição viesse de instâncias superiores, alicerçada no pudico desconchavo de alguns senhores…

Se a administração da clínica de Cádis entende que o uso da saia curta é um paliativo para os seus doentes, nada a opor - o efeito placebo, pelo menos, está garantido!

Quanto ao uso de piercings, nada consta…


segunda-feira, 19 de março de 2018

... Milionário de afetos

O “Dia do Pai”, por cá com data fixa no calendário, a páginas tantas teve origem na mente de um sujeitinho danado para o negócio, digo eu, de mim para mim…
Consulto o portal do costume, mas fico na dúvida quanto à escolha de uma das duas versões - escolho a ternurenta americanizada, ou fico com a outra, também  ela  feita de ternura , “(…) que remete para o ano 2000 a.C. “
 Leio:
-“ (…) Um menino da Babilónia chamado Elmesu escreveu, num dia 19 de março, uma mensagem para o seu pai, em que lhe desejava saúde e longevidade”.
Lindo de ler - a minha mente (perversa e marota…) tinha uma ideia peregrina, agora desvaneceu-se, esfumou-se, por assim dizer - ainda bem que a data nada (?) tem a  ver  com o espirito mercantilista de um qualquer sujeitinho…

… muita saúde e vida longa

Com cinco filhotes no currículo, assumo-me como “milionário dos afetos” com que me mimam…
Cada um dos meus filhos é um mundo de vivências e emoções onde me completo na plenitude da minha vida “setentinha”, consciente dos meus pecadilhos de pai imperfeito.
Sendo como sou, assumidamente apaixonado pelos meus, pauto os dias pelo conhecimento do seu bem estar, na companhia das famílias que foram construindo e que acrescentam qualidade ao meu equilíbrio emocional.

... muita saúde e vida longa, meus amores.

quinta-feira, 15 de março de 2018

Pink Floyd - Talkin' Hawkin' (by Stephen Hawking)

"A fala permitiu a comunicação de ideias, permitindo que os seres humanos trabalhem juntos para construir o impossível. As maiores realizações da humanidade surgiram falando e as maiores falhas ao não falar. Não precisa ser assim. Nossas maiores esperanças poderiam tornar-se realidade no futuro. Com a tecnologia à nossa disposição, as possibilidades são ilimitadas. Tudo o que precisamos fazer é garantir que continuemos conversando ". - Stephen Hawking

terça-feira, 13 de março de 2018

O anúncio


Quem aprecia  sossego e algum isolamento social, sem ser eremita, procura sítios e lugares  talhados à (sua) medida.
Em função dos pontos cardeais, valoriza-se a localização da casa de férias, ou residência permanente, de preferência a preços de pechincha na hora do negócio.
Nasci com a sorte do destino (?) por ter visto pela primeira vez a luz do dia num quarto grande  e soalheiro da casa de família, feita de xisto. Mais tarde, o exterior da  casa foi coberto com argamassa e o sol não alterou a visita diária. Sou, pois, um privilegiado: depois de “correr mundo” regressei às origens e a este sol…
A minha aldeia é graciosa e simpática para quem chega. E tem um rio aos pés - a grande atração dos veraneantes, como foi, em tempos idos, dos senhores das suas margens, agricultores latifundiários; ao povo ficavam reservados fracos quinhões, leiras minúsculas de onde se retiravam os ”mimos” consoante a época; semeando, ou plantando, a terra tudo dava, ensinava o Borda-d’água…
Agora, hoje, “nada é como dantes”, acrescentam os que mais somam primaveras da vida dura aos relatos desses tempos. Sei do que falam, o “ti” Alberto e a Rosária, a esposa, o “Zé” padeiro e a  esposa Maria, meus vizinhos a duzentos metros para cada lado da minha casa. Quando eu era criança, tinham eles a idade dos namoricos. Hoje, a “vida é melhor”, sim senhor, mas as leiras estão de pousio, há pouca gente e desses poucos, poucos são os que semeiam ou plantam…
Havendo o rio, na minha aldeia, durante o verão e de passagem, há (quase) sempre gente oriunda  de outras paragens.
- Era uma casinha assim, com muito sol, que eu gostava de ter numa aldeia sossegada, com pão todos os dias ao domicilio, peixe e carne  uma vez por semana  à porta, como está naqui no anúncio… - suspira a senhora da autocaravana no repouso com vista para o rio.
Faltou acrescentar, no anúncio, que por cá também se vende  fruta variada (e outros produtos...) de forma itinerante.
Esta espécie de  “mini mercado” sobre rodas  faz-se anunciar   com toques de buzina, mais ou menos  estridentes. Se os eventuais  clientes não estiverem atentos, perdem vez... e lá se  vão  as compras.
"Perder  a vez" também acontecia, em tempos idos,  quando não se chegava a horas e nos dias certos ao largo da escola - era aí  que a carrinha da Biblioteca Itinerante da Gulbenkian  disponibilizava  “produtos prontos  a servir”, confecionados  por mestres como Camilo Castelo Branco, Aquilino Ribeiro, Júlio Verne…

quinta-feira, 8 de março de 2018

Antes que Seja Tarde

Amigo, 
tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha,
abre os braços e luta!
Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.


Manuel da Fonseca, in "Poemas Dispersos"