terça-feira, 30 de maio de 2017

A praça pública onde se esgrimem argumentos

Há dois anos,
neste mesmo dia, dei corpo ao texto que segue, que me parece oportuno repetir. Insisto: a "praça pública" (...) seria pintalgada de outras cores, com a predominância do vermelho dos campeões – e um pouco de verde, pronto, para satisfação dos meus conterrâneos, nada contentes com a “medalha de bronze”…

Ao longo de quase setenta anos (melhor: sessenta - desconto dez para me situar em Coimbra, no falecido Liceu D.João III, depois no Externato Alves Mendes, em Arganil, e mais tarde no colégio Luís de Camões, em Lourenço Marques...) procurei formatar o caráter e, como qualquer estudante da época, li os clássicos e construi o meu jeito de estar entre os iguais do meu tempo. Hegel, marcou-me de uma forma tão sublime que, de quando em vez, volto à leitura de coisas suas, como é caso da obra Estética - “A ideia e o Ideal” (mas posso citar outras mais, coisas minhas escritas por Hegel, quando me situo no etéreo das dúvidas sobre o meu eu absoluto: existo?). 
Do empirismo das (minhas) teorias com que me dou inteiro, à assunção de um certo romantismo de cavalheiro, em desuso nos tempos de agora, não ouso definição capaz de me aproximar do mestre da Estética – “A Arte Simbólica”. 
Hegel é difícil de entender. “Teimoso” na defesa das (suas) ideias, imagino-o na “praça pública” a esgrimir argumentos sobre a “estética” da mistura de estilos e volumetria de determinadas peças, brancas e cinzentas, e sua utilidade… 
Por mim, a escolher, a ”praça pública” onde se esgrimem argumentos seria pintalgada de outras cores, com a predominância do vermelho dos campeões – e um pouco de verde, pronto, para satisfação dos meus conterrâneos, nada contentes com a “medalha de bronze”…

“…  Chamamos ao belo ideia do belo. Este deve ser concebido como ideia e, ao mesmo tempo, como a ideia sob forma particular; quer dizer, como idealO belo, já o disse, é a ideia; não a ideia abstrata, anterior à sua manifestação, não realizada, mas a ideia concreta ou realizada” - Hegel

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Sardinhas, sim, mas das nossas...

Confesso: cometi um "pecado".Possivelmente, serei absolvido, ou condenado, sim, mas a pena leve: amanhã, ao almoço, volto ao bitoque (quem diz bitoque, posso cumprir o castigo com uma feijoada com todos…).
Gosto de sardinhas assadas na brasa, de um  copo de bom tinto e uma fatia de broa - almoço perfeito!
Não sendo verão, deixei-me levar pela funcionária do mini mercado quando publicitava aos clientes a “maravilha” das sardinhas pescadas nas águas de Marrocos – tão boas, mas tão boas que pingam no pão, dizia. Então, quero uma embalagem, se faz favor…
Descongelei três “bichinhos”, temperei-os com sal grosso, acendi o lume e quando as brasas estavam “quentinhas” levei a grelha ao sacrifício…
Entretanto, no fogão, estavam a cozer quatro batatas novas com casca, das grandes…
Cumpridos os rituais de uma boa sardinhada, quando é verão e o azeite é da casa, esmerei o apetite: retirei uma posta do lombo de um dos bichos, levei-o à boca, mas …. ohhhh, o sabor era  quase nada!
Eis, pois, o meu pecado “capital”: adiantei o verão no calendário dos meus apetites e deu nisto: as batatas, o azeite, a broa e o tinto justificaram as minhas pressas, mas as sardinhas...

quarta-feira, 24 de maio de 2017

A formiguinha



















"Era uma vez uma cigarra que vivia saltitando e cantando pelo bosque, sem se preocupar com o futuro. Esbarrando numa formiguinha, que carregava uma folha pesada, perguntou: 
- Ei, formiguinha, para quê todo esse trabalho? O verão é para aproveitar! O verão é para nos divertirmos...
- Não, não, não! Nós, formigas, não temos tempo para a diversão. É preciso trabalhar agora para guardar comida para o inverno (...)".

terça-feira, 23 de maio de 2017

"A árvore da vida"

...nota-se nas palavras 

Conheci a Sara - onze anos, com quietude no olhar e  gestos suaves. O sorriso, meio envergonhado, nota-se nas palavras, 
de meia dúzia de palavras 
- tempo da curta conversa,  com o beneplácito do avô na partilha de emoções. 
São silenciosas as lágrimas da Sara  quando o  familar mostra "A árvora da vida" - poema que a Sara desenhou  com a ternura das palavras, 
de algumas palavras  
- as suficientes e as que melhor identificam os seus sentimentos por um ente querido.
A Sara, "por dentro", é assim:


A árvore da vida

Nem quando a última pétala tiver caído,
Sobre o teu rosto enrugado,

Eu nunca te vou esquecer,
Estarei sempre ao teu lado.


Nem quando a última folha tiver secado
Sobre os teus olhos cansados

Vou te sempre amar
Beijando os teus pés calejados.


Nem quando o último ramo tiver partido
Sobre o teu corpo delicado

Eu vou estar sempre aqui
Olhando por ti, amargurado.


Mas o tronco nunca desabará
Pois ele é amor e perdão

É paciência, é carinho
Dentro do meu coração.

Afinal que árvore é esta
Nem a rosa nem a margarida
Sabem que esta árvore especial

É a árvore da vida.

*


quarta-feira, 17 de maio de 2017

... de tirar o chapéu


A última semana passou  às memórias de quem as tem, principalmente se
- aprecia o Papa Francisco
- gosta de "Amar pelos Dois"
- vibra com as vitórias do Benfica.
... Além destes  três "gostos", recebi a  confirmação de que o meu sinalzinho de trazer por casa está, de facto,  morto e enterrado, como o Doutor Eufrásio tinha previsto!
Sou um sortudo.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Como sempre, vestido de branco

Liguei a televisão. O avião que trazia o Papa Francisco planava no écran.
Preso à comodidade do sofá, fui ficando, ficando.... fiquei até ao fim - não perdi pitada das primeiras horas do homem vestido de branco em solo português!
Perdi a conta  aos minutos - alguns  deles vivi-os emocionado até à medula. 
O sorriso do Papa, os gestos do Papa, as pessoas, todas as pessoas - milhares!- em silêncio, quando foi caso disso - o silêncio de  tanta gente e (...) o tempo que tarda em passar /e aquilo em que ninguém quer acreditar (*).
Digo à Rita: 
- gostava de ter a Fé daquela gente,  se não de toda a gente, de alguma daquela gente...
- não tens essa (Fé) mas tens outra(s), disse a Rita...
"Às vezes é no meio de tanta gente / Que descubro afinal aquilo que sou / Sou um grito / Ou sou uma pedra / De um altar aonde não estou" (*) ...
-
(*) Retirado do poema de Maria Guinot " Silêncio e tanta gente"

"Aquilo" deve ser rápido...

Anda por aí um profano (logo agora, com o Papa Francisco a caminho de Fátima...) a anunciar que vai começar a terceira  guerra mundial! Está por dias - disse  ele, o profano!
Os pormenores, embora desconhecidos, adivinham-se: uns senhores  "de bem" e importantes carregam em botões e os  "foguetes" fazem puuummmmm - sabe-se lá onde!
"Aquilo" deve ser rápido...
Espero eu que os senhores "de bem" e importantes, nos entretantos, tenham congeminado uma espécie de  "Plano Marshall"  para juntar os cacos e começar tudo de novo, mas com outra gente. Talvez  uma ajudinha dos nossos vizinhos e amigos alienígenas dê jeito.

quarta-feira, 10 de maio de 2017

À distância dos sentidos

Assumo a  minha aversão à violência – seja ela física ou verbal.
Da primeira quero distância; se preciso for,  aproximo-me da segunda - aguento-a com tento na língua e vou à luta quando o opositor justifica que esgrima argumentos. Não sendo de guerrear, travo as batalhas  que forem precisas.
Admito as minhas fraquezas e a ignorância do desconhecido: apenas sei “ler e escrever”, e a inteligência não me presenteou com a erudição dos predestinados.
O caráter, esse desejo-o firme não importa quando, onde e porquê – sendo humano, caio e levanto-me as vezes que forem precisas. 
Obviamente recuso-me a existir de joelhos no limbo da minha consciência, que morrerá inteira se para tanto o juízo não me atraiçoar …
Aprecio o belo de cada coisa e olho o horizonte com a atenção que é devida ao Universo. Mais perto, à distância dos sentidos, a sensibilidade de que sou capaz permite a paixão do amor - de todo o amor! Assim sendo, insisto na denúncia da minha teimosia: gosto, porque sim, sem nenhuma explicação adicional para este mau feitio de quem permanece fiel à estética do amor.
Ponto.
.
... de volta ao "Confessionário" - 21 de setembro de 2011

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Não fez sangue, mas...

Ando preso a uma dúvida sobre o meu relacionamento com os gatos cá de casa. Será que esta “família por adoção”, quando estou longe do ASUS, vai cuscar as notícias?
Hoje, por ser hoje, os animais de companhia, diz a Lei, deixam de ser “coisas”.
Como é que a Banzi “soube”?...
A “tia” Banzi” sempre foi uma sujeitinha muito senhora de si, é verdade, e não admite “parcerias”  nos afetos  - EXIGE os miminhos só para si!
Também é verdade que, quando se enrosca perto de mim, fica num permanente rom-rom, olha  e “diz coisas” - coisas, palavras de gato que não entendo.
Há pouco, tendo eu os dois braços disponíveis, ela ficou do meu lado esquerdo, como sempre, e os gémeos do outro. A Banzi não tardou a mostrar "má cara", e os “sobrinhos” fugiram dos meus cafunés. Depois, como lhe “disse” que isso não abonava a sua postura, perfeitamente egoísta e de má vizinhança, ameaçou com uma mordidela. Não fez sangue, mas deixou marcas na minha mão…
Não consigo fazer-me entender quanto aos meus préstimos ao serviço da comunidade cá de casa, composta por mim, a Banzi, o Tarzan  e o Saguim.
Os gémeos adoram vadiar; a Banzi, lá por  “passar” o tempo todo em rons-rons, não significa que tenha direitos extras, isto é: “fora da lei” da fraternidade e da igualdade em que fui educado…
É aqui que a minha ingenuidade, cá por dentro, faz das suas: sei agora que existem (alguns) gatos que “pensam e agem” como (algumas) pessoas…