sexta-feira, 30 de junho de 2017

"Monte dos Vendavais"

Das minhas memórias em papel, acumuladas em mais de meio século, a lembrança de um episódio faz com que viaje ao tempo do liceu e aos meus doze anos de gente.
Aluno do 2º ano do Externato Alves Mendes, em Arganil - famoso na região da Beira Serra pela competência dos professores que o diretor Homero contratava -, tinha chegado o tempo da longa viagem que havia de mudar radicalmente a minha existência. O destino era Lourenço Marques, em Moçambique...
No meu último dia de aulas fui surpreendido com algumas manifestações de simpatia, mas o gesto da professora de Matemática, de seu nome Lurdes, teve o condão de me despertar o prazer da leitura.
Depois de uma visita à livraria da "Comarca de Arganil", a professora retirou da prateleira um exemplar da obra de Emily Brontë, "Montes dos Vendavais, e numa das páginas interiores escreveu 

-"Para o Carlos, uma lembrança da professora amiga, MLurdes".

Reencontrei-me  de novo com a leitura da obra da escritora que usava um pseudónimo masculino.
...O hábito de  ler, já em Lourenço Marques, levou-me ao desconhecido (para mim) Anna Karénina , de   Tolstoi . Foi um "empreendimento intelectual" cansativo, confesso.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

"telex" - o jornal

Em 1976 fiz parte de um projeto com "pernas para andar", mas ficou sem as ditas um ano depois...
Os proprietários do telex, o novo semanário, sonhavam alto, tão alto que imaginavam destronar o Expresso!
E como o "sonho comanda a vida", eu (regressado de Moçambique) e mais uma mão cheia de jornalistas de gabarito (José Mensurado, Francisco Máximo, João Carreira Bom, Robi Amorim, Samy Santos, etc, etc...) embarcámos no sonho.
No último fim de semana, às voltas com as minhas memórias em papel, dei com alguns exemplares do telex. Como gosto de mudar coisas, alterei o título do sarabanda, o blog - uma mania como outra qualquer.

S.S. - Por qué no te callas? Canta, simplesmente

Fui um dos portugueses que acompanhou a noite passada pela TV o desfile das grandes vozes presentes  no MEO ARENA. 
O gesto solidário de quem participou no espetáculo, que teve por finalidade angariar  fundos para as vítimas  dos violentos incêndios que consumiram pessoas e bens, comoveu a maioria dos portugueses, eu incluido. Quem pisou o palco, como intérprete, cumpriu o seu papel a preceito e deixou recados, também eles solidários. Era o que se "pedia" a quem se "venera".
S.S. é a  "vedeta" nais recentte das nossas emoões . Sou um dos portugueses que aprecia o seu talento e a irreverência da postura com que leva  a Carta a Garcia., mas...
Ontem, o serão do MEO ARENA dispensava palavras brejeiras.
S.S. cumpriu, cantando. O resto era desnecessário.
Por qué no te callas? Canta, simplesmente

domingo, 4 de junho de 2017

Rio Alva - "poeta e sonhador"

Os rios Mondego, Alva e  Zêzere nascem na Serra da Estrela. 

"Conta a lenda que, um dia, discutiram a valentia de cada um e acertaram numa corrida que esclareceria a questão: quem chegasse primeiro ao mar seria o vencedor.
O Mondego levantou-se cedo e começou a deslizar silenciosamente para não atrair as atenções. Passou pela Guarda e pelas regiões de Celorico, Gouveia, Manteigas, Canas de Senhorim e pela Raiva, onde se fortaleceu junto dos ribeiros seus primos, chegando por fim a Coimbra.
O Zêzere, que estava atento, saiu ao mesmo tempo que o seu irmão. Oculto, por entre os penhascos, foi direito a Manteigas, passou a Guarda e o Fundão, mas logo depois se desnorteou e, cansado, veio a perder-se nas águas do Tejo.
O Alva passou a noite a contar as estrelas, perdido em divagações de sonhador e poeta. Quando acordou, era já muito tarde mas ainda a tempo de avistar os seus irmãos ao longe.
Tempestuoso, rompeu montes e rochedos, atravessou penhascos e vales, mas quando pensava que tinha vencido deparou com o Mondego, no momento que este já adiantado chegava ao mar. O Alva ainda tentou expulsar o seu irmão do leito, debatendo-se com fúria e espumando de raiva, mas o Mondego engoliu-o com o seu ar altivo e irónico.
Este lugar onde os dois rios lutaram ficou para sempre conhecido como Raiva, em memória da contenda entre os dois irmãos".