domingo, 27 de novembro de 2016

Nônô, a "princesa"


Foi o domingo espécie de dia  familiar. O nosso Benjamim Kiko, integrado na equipa do Lousanense, veio jogar à capital do (meu) concelho,  e a família não podia deixar  de o apoiar. A mana Nônô teve outros afazeres na Academia de Bailado, chegou mais tarde, por isso não viu o "golaço" que o Kiko marcou de livre direto - um "tiro" certeiro, e o guarda redes nem viu a bola passar!
Depois do almoço, um passeio pela vila. 
Junto a uma montra estava uma bicicleta linda de ver, enfeitada com flores; à "pintura" faltava um elemento importante - e a Nônô logo ali, ao jeito de um ou dois cliques...
"Perfeito", disse eu - e disse bem, não disse?

terça-feira, 22 de novembro de 2016

"Terroristas" silenciosos



Foi dia de apanhar a azeitona da “quinta”, que é enorme para os cuidados que lhe dou, quando dou - quer dizer, dou, claro, mas pago a quem o faça por mim…
Vieram os dois compadres e ajudantes, a faina ia de “vento em popa”,  e a seguir ao  “mata bicho”, saí para cumprimentar o “ti” Abílio, o seu compadre, mais  conhecido por Vedor, e os restantes jovens trabalhadores. Pelas minhas contas, as oliveiras não davam grande maquia, mas os compadres, em coro, disseram que ainda tinham qualquer coisinha e que valia a pena o esforço de estender as maranhas, varejar as árvores, ensacar os frutos e, para não deixar para depois, limpar as oliveiras – para o ano é que vão carregar, diz o compadre Vedor. Se ele o diz, acredito…
De regresso a casa, com um clique leio o “Público” e passo os olhos pelas primeiras páginas dos outros jornais, como sempre faço todas as manhãs...
Quando olhei para o relógio, era quase meio-dia, horas de preparar o almoço - qual almoço? Não tinha nada à mão, e descongelar o que quer que fosse dava para tarde…
Solução: uma omelete de fiambre, pronto, “já está”!
Cuidadoso com a frigideira, mais uma voltinha à omelete, e outra, e outra - ei-la no prato, direitinha, fofa, à espera da salada… e dos meus dentes!
Entretanto, tocam à campainha…
Abri a porta - era a esposa do “ti” Abílio com um saco de dióspiros, dos de roer, os meus preferidos. Obrigadinho, disse eu, depois de lhe perguntar como ia de saúde, vou indo, sr Carlos, vou indo. Como sei que gosta, trago-lhe aqui meia dúzia de dióspiros, à tarde trago mais. Oh, não se incomode, mas agradeço. Os do ano passado eram bem bons, acrescentei - e eram! Não leve a mal, mas estou a tratar do almoço, os gatos ainda me vão à omelete…Vá, vá, precisa de ajuda? Não, obrigado, já está pronta - então, até logo…
- Abri a porta da cozinha ainda a tempo de ver os dois “terroristas” banquetearem-se com o  meu almoço…


segunda-feira, 14 de novembro de 2016

... A "dois passos" de mim

A igreja de São Pedro, em Lourosa, com 1100 anos,

" (...) é uma das mais antigas de Portugal e é a «única igreja moçárabe em Portugal».
O espaço, caracterizado pela quase total ausência de imagens e pinturas, tem arcadas de pedra e a pia batismal original ainda se pode ver. No interior os arcos em ferradura recordam que os árabes dominaram a região entre o século XVIII e XI. Uma inscrição numa pedra remete para o ano 912. No exterior as sepulturas nas rochas também chamam a atenção".

domingo, 13 de novembro de 2016

É simples ser simples

Anda por aqui um homem a espalhar simpatia no olhar,

nos sorrisos,
nos gestos
- nos gestos das palavras.
As palavras, as palavras ditas por ele,
depois de feitas,
construidas,
letra a letra,
até parecem fáceis de articular.
É simples ser simples,
mesmo quando ele,
o Bispo de Coimbra,
cita os Evangelhos...
Anda por aqui um homem que fala de amor
- principalmente de AMOR.

sábado, 12 de novembro de 2016

Lembrar Renato Seabra...

O ano de 2016 está prestes a entregar a alma ao criador e Pedro Dias arrisca-se a ser a figura portuguesa mais badalada pelas razões   sobejamente  divulgadas - todas elas, as verdadeiras e as que não o são. Com o tempo,  as suas façanhas, depois de "recicladas", ficarão diluídas nas nuvens de todas as memórias  e é  bem possível que o sujeito envelheça numa  prisão psiquiátrica. Um dia, é capaz de andar à solta por aí - quem sabe?
A propósito de memórias: Renato Seabra, o assassino do Carlos de Castro em 2011 (lembram.se?), quem lhe traça o perfil de prisioneiro?  A estória macabra do crime hediondo talvez seja romanceada  numa  fita de cinema, à americana... 
- O eventual script de uma fita sobre  Pedro Dias é capaz de ter a assinatura do Correio da Manhã, o jornal...

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

O "pobre" senhor louro

A memória tem os seus dias para ser folheada e hoje é um deles.
Por mais voltas que dê à “enciclopédia”, não recordo nomes de atores portugueses que tenham passado a políticos com algum sucesso, embora Nicolau Breyner tivesse andado perto de o conseguir em Serpa, onde nasceu. Lá por fora, da Cicciolina, eleita para o parlamento italiano em 1987, a Ronald Reagan, presidente dos EUA entre 1981 e 1989, há imensa gente que viajou da arte do entretenimento para a política, como agora: um senhor louro, verdadeiro "self-made man", com gosto requintado quando se trata de escolher dama de companhia, prepara-se para governar o povo americano.
A Casa Branca, desta vez, vai ter uma "presidenta" interessante de se ver: a senhora Melania, 24 anos mais nova que o senhor louro, seu marido, que tem mais ou menos a minha idade - um "jovem ", claro!
O "pobre" senhor louro é um sortudo.
- E os  americanos idem, aspas,aspas. Ponto.

sábado, 5 de novembro de 2016

- "Na falta de noiva..."

Gravatas,  talvez meia centena   as que tenho adormecidas  no guarda fatos. Raramente uso uma que seja, perdi-lhe o jeito...
Fatos completos, quatro, mas apenas um serve de disfarce à barriguinha, pronto a vestir se  "for urgente" cumprir o protocolo de qualquer ato solene. Dos atos solenes fujo a  sete pés - perdi-lhe o jeito...
Ainda no guarda fatos tenho dois  jaquetões "muito jeitosos" e outro tipo de casacos, igualmente jeitosos que brilham com  a minha coleção de calças de ganga  - uso e abuso das ditas, ganhei-lhe o jeito...
Desta vez, foi necessário cumprir o protocolo na receção ao  Bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes, durante a sua  visita pastoral à Comunidade Interparoquial da Serra do Açor e Vale do Alva.
Vesti o fato completo e usei  gravata - escolhi uma das que guardam memórias de momentos únicos  e cidades cosmopolitas, como Lisboa, Jerusalém, Paris, Berna, Toronto...
"Prontinho da Silva", arrumado  numa camisa em tons de azul, nem parecia eu - eu, sim, sem as inseparáveis calças de ganga...
Telefonei  a  dizer  que chegaria tarde e preveni  as senhoras lá da secretaria que se preparassem para o "susto":  iria aparecer enbonecado, ao jeito de um noivo de Sto António,  gracejei...
A Dília,  com  "elevadíssimo sentido de humor", soltou uma gargalhada e sugeriu, "gentil":
- Na falta  de noiva, está ali fora uma  "simpática velhinha, viúva"... 
Se não fosse cá por coisas, tinha mudado a fatiota.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Travessura de "meter medo"

Acordar  no silêncio da noite com um terramato sonoro dentro de casa é uma travessura de meter medo - e se for  no dia das bruxas, não há cabelo que  assente na careca  de quem a tem. 
Sempre ouvi dizer  que as bruxas existem, sim senhor; ao "vivo" nunca vi nenhuma, Isto é: já fui enfeitiçado por bruxinhas simpáticas, outras lindas de morrer  (há feitiços assim, que "matam" os incautos...), mas  bruxas a "sério", cavalgando  vassouras de  piaçaba, dessas nunca vi, nunca - juro!
Ora, na noite anterior, vésperas da "Feira dos Santos" aqui no meu sítio, por volta das duas, cá em casa, caiu o "teto do mundo"  com o som contínuo de uma campainha, bem mais grave e barulhento que o despertador do rádio que tenho na cozinha - pensei eu. Nada disso: o rádio mantinha o silêncio, pelo sim, pelo não,  desliguei-o da corrente, mas o horror daquele som irritante, doido, doido, continuava a massacrar-me o corpo inteiro e não apenas  a cabeça, tremeliques, tiques tiques, meio desorientada (a cabeça...).
Ah - a campainha! Pois claro, a campainha - era a campainha, uma travessura de bruxas (ou bruxos...) que se passearam na noite no cumprimento de um ritual moderno, importado. 
Abri a porta da rua e dei de caras com  a arma do crime: um palito a pressionar o botão da dita cuja campainha!!!
Pudera, assim também  eu - também  eu era capaz de  travessuras anónimas, a coberto do escuro, sem direito a ser corrido  com palavrões que eu cá sei - todos sabemos! -, em bom português.
Desta vez não tive  alternativa: fiquei com a travessura, que trocava de bom grado por uma mão cheia de doçuras, das que tinha para dar aos bruxinhos da  escolinha do Caracol ao Sol.