sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Tallinn e Maputo ao "virar da esquina"

 
A Graça tem o “péssimo”  hábito de ir por esse mundo fora à descoberta do belo e do bonito ( não digo do perfeito …) e encanta-se com o que os seus olhos vêm. Vai daí, passa a palavra do seu contentamento e eu, “confrade” nos RiTuAiS da amizade, leio e vejo…
Isto é coisa antiga: já em 2007 (?) alinhavei um texto onde dava  conta das minhas “invejas miudinhas”
(https://ritualmente.blogspot.com/2007/08/emoo-de-ter-inveja.html). Agora, depois da viagem a uma das minhas “pátrias” (Moçambique) “usou e abusou” das saudades e isso  não se faz a quem lhe quer bem (também) pelas memórias  dos RiTuAiS passados.
… leiam um excerto do texto, escrito em 2007,  e digam se tenho, ou não, razão  quando “assumo  a (minha) emoção de ter inveja”:
(…) falava de férias e da inveja que me corrói as entranhas pelo gozo com que os meus amigos ostentam o tom moreno trazido da praia, que para mim é uma chatice: areia em demasia, água salgada, ondas revoltas, sol, muito sol… calor! Praia de jeito é a que tem esplanadas, mesas e cadeiras confortáveis, cervejinhas bem frescas, e, já agora, uns camarões grelhados para desenjoar da bebida; se houver mar calmo e o reflexo da lua nas águas vier acompanhado do romantismo de companhia agradável e gentil, tanto melhor……
Recordo que o ano passado, por esta altura, sofri da mesma maleita; dados os factos passados e presentes, acho que sou portador de um “vírus crónico” que não se dá nada bem com este tempo… de férias.
-“Hoje estou em Tallinn (capital da Estónia)” e estou a adorar… –
 escreve(u) a Graça, para me “irritar”- só pode (...).
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Maputo: imagens de Graça Cardoso



quinta-feira, 26 de julho de 2018

RiTuAL BAR - a "Oriente de Coja"

Recordar os tempos do meu tempo do RiTuAL BAR é um exercício dolorido. 
Na época, a cidade de Oliveira do Hospital desfrutava com prazer noites diferentes, únicas. 
A assunção pública de determinada postura filosófica, renascida a "Oriente de Coja", trouxe ao espaço figuras ilustres da cultura que, de forma direta, ou não, patrocinaram momentos inesquecíveis - da música à poesia, da pintura às letras, dos debates cívicos às tertúlias mais comezinhas.
As imagens que trago à primeira página deste RiTuAl fazem parte de mim, apaixonado como eu era (e assim continuo...) pelas pessoas...

O RiTuAl BAR, além de "copos", servia outros pretextos para dois dedos de conversa...

quarta-feira, 25 de julho de 2018

A noite adormeceu tarde, nostálgica

"Ritualistas" reunidos em jantar de saudade na EXPOH 2018 - Feira Regional de
Oliveira do Hospital





Alguns dos amigos (e clientes…) do RiTuAL Bar de outros tempos juntaram-se num jantar de saudade, como tem sido hábito nos últimos anos. Desfilaram memórias, contaram-se estórias, recordaram-se “ritualistas” que já partiram para “parte incerta”, como o professor Sérgio, e a noite adormeceu tarde, nostálgica…
À mesa, a Graça e o André, eu e a Lurdes, novo membro da “família” por adoção plena, que do RiTuAL apenas conhece momentos fotográficos que lhe deixam “água na boca”…
Anotadas as ausências da Ângela e da Maria João, sujeitas a “castigo”, como é da praxe, que será “cobrado” depois das férias com um jantar caseiro a decidir – quando, Ângela?

Se a EXPOH é o local ideal para reencontrar amigos, o RiTuAL, no caso, é pretexto para abraços cordiais e conversas de ocasião, como aconteceu com o Prof. Alexandrino (presidente da câmara), Nuno Oliveira (presidente da junta), Luís Antero (músico, radialista e autor do programa “Xisto Sonoro”), Liliana Lopes, (jornalista da Rádio Boa Nova) o casal Dilia / José Carlos, e mais uma “mão cheia” de outros “ritualistas” de quem a (minha) memória (já) não recorda os nomes próprios…
… Ao longe, avistei o Francisco Rolo, amigo dileto, vereador da câmara.
Remata-se o texto com um lauto festim de “princesinhas”… "à RiTuAL”.




André e Ricardo - "mestres ritualistas"

segunda-feira, 25 de junho de 2018

“Discurso do Método”

Em pensamento, descrevo sentimentos - oculto as palavras que nada acrescentam à doce companhia do silêncio. O muito bem-querer é o bastante para entender o amor - quando existe e se faz anunciar no sorriso cúmplice  do segredo do secreto. 
- “Penso, logo existo” – Descartes.
… Penso, logo é evidente que é em ti que penso.
*
Faço do “Discurso do Método” (Descartes) livro de cabeceira

terça-feira, 19 de junho de 2018

“… e foram felizes para sempre”


Existem estórias (de amor) cujos relatos nem sempre têm um final feliz: “Tristão e Isolda”, de autor desconhecido do século XII (?), ou “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare, são disso exemplos.
Felizmente, tal não aconteceu, em 1945, ao casal Albertina e Dionídio, então residentes em Meda de Mouros, perto do meu sítio ( ler aqui:
Sei de outra estória, feita de  sonhos e suspiros, vivida nas redondezas de determinado ideal  feminino,  que justifica letra de forma aligeirada.
Diz quem sabe do secreto e silencioso amor platónico, partilhado no anonimato dos intervenientes, que um cavalheiro teceu com sorrisos gentis e delicadas palavras de ocasião junto de certa dama - galanteios, sim, mas sem a pujança mental de quem alimentava sonhos, igualmente secretos:
- “Era capaz de voltar a aprender a amar”, ou …
- “Levava-me ao altar”, ou …
-“Com ela, envelhecia de mão dada”.
Seriam estes os contornos da sua imaginação fértil?
Durante décadas, o tempo acentuou o rosto da senhora com suaves traços de beleza impar. Serena, continua a despertar atenções, embora se diga que, em tempos idos, sim - a sua adolescente beleza, de tão rara, cativava galanteadores  Fred(s) Astaire (s) de “trazer por casa” entre passos e volteios nos salões de dança.
Passaram-se longos tempos - mais de mil dias! - de silêncios alternados com sorrisos gentis e palavras de ocasião - galanteios, sim, mas sem a pujança mental de quem se alimentava de sonhos...
*
 O cavalheiro e a dama, entretanto,  reclamam para si uma estória com  final semelhante  ao romance (verdadeiro) de Albertina e Dionídio - o oposto   de Romeu e Julieta e Tristão e Isolda.
- “… e foram felizes para sempre”!
- “Amém”.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Companhia das palavras







Ler e reler sempre que necessário:

"...o amor é tão lícito quanto a vida, faz parte dela; 
a vida é imaginação, 
a imaginação recria sonhos, 
os sonhos comandam a vida...
e assim se fecha o circulo de cada um e de todos os que colocam 
amor na paixão, 
a paixão no amor, 
o amor na amizade 
- há sempre um principio e um fim (para amar)..."

- Haverá?... 

sexta-feira, 15 de junho de 2018

A arte de furtar

(...) Veio parar-me às mãos uma edição gráfica da Gulbenkian, onde se podem ler alguns textos escritos no Século XVII. Um deles, sem nome de autor, intitula-se "A arte de furtar”. 
Deixo para leitura e  reflexão os títulos que encimam alguns capítulos...
Como para furtar há arte, que é ciência verdadeira”; “Como a arte de furtar é muito nobre”; “Como os maiores ladrões são os que têm por ofício livrar-nos de outros ladrões”; “Como se furta a título de benefício”, etc.
… Assim se prova que há arte de furtar; e que esta seja ciência verdadeira é muito mais fácil de provar, ainda que não tenha escola pública, nem doutores graduados que a ensinem em universidade, como têm as outras ciências...” – anotou o escrevinhador, ilustre desconhecido.
-
Resumo da croniqueta publicada em 2009.intitulada: A “crise” de agora e “A arte de Furtar” (Séc. XVII)

domingo, 10 de junho de 2018

Soletrar o amor

Há sempre nostalgia quando recordo tempos vividos em África de forma tão natural como o pôr de sol moçambicano com pinceladas de mar.
No  aconchego dos sentimentos, é impossível viver sem o amor por perto dentro de mim. 
- “Não sei ler nem escrever, só soletrar..." o amor
- "Qualquer ação tem uma reação de força e sentido contrário; se praticamos o mal, a ação retorna na intensidade equivalente ao mal causado." - cito, como se a filosófica frase resumisse a essência da própria vida.
As palavras, escritas e pronunciadas deste modo, podem alterar comportamentos cívicos quando adaptadas por inteiro nos relacionamentos interpessoais.
 ...A citação é uma espécie de avestruz que, dizem, perante o perigo, esconde a cabeça e deixa o resto do corpo à mercê do inimigo.
-
Adaptado da crónica "Coerente, mas pouco", publicada em 2006 no "Correio da Beira Serra"

domingo, 3 de junho de 2018

Como quem troca de camisa

 Dos tempos da escola primária sobraram uns quantos resquícios da “inimizade que fui mantendo” com os vizinhos espanhóis, por culpa das estórias que a História de Portugal ensinava, é bom de ver, e não por quaisquer outros motivos…
Com o mar a bordejar a costa, da Espanha, pela fronteira terrestre, poderia chegar o perigo em passada larga ou curta, daí que fizesse algum sentido o aforismo: “De Espanha nem bons ventos nem bons casamentos”!
E foi assim durante anos, sempre com a perversa imagem que vinha de longe, pela fé e maledicência (?) dos mais velhos.
À medida que o tempo foi passando, as ideias clarificaram-se - África atravessou-se no meu caminho, cresci como homem, e concluí com toda a naturalidade que fomos tão “marotos” como as gentes de todos os sítios e de todos os tempos, espanhóis incluídos. Conheci de perto uma mão cheia deles, viajei por caminos e carreteras, partilhei costumes cívicos idênticos aos nossos - habituei-me aos nossos vizinhos com o gosto de quem gosta das pessoas.
Portugal, embora país pequeno, com menos cidadãos por metro quadrado, é capaz de subir aos “píncaros da lua” e “levar a carta Garcia” com qualidade, dignidade e sucesso, o que muito nos honra – não vale a pena repetir que (ainda) somos campeões da Europa em futebol, vencemos o festival das cantigas na Eurovisão e este ano demos cartas na organização do evento, a Expo 98 foi um sucesso, etc e tal…
E "inventámos" uma geringonça… que “voa”!
A “coisa” tem sido objeto de estudos, e há quem descubra nas leis vigentes, um pouco pela Europa fora, que esta dita “coisa” tem pernas para andar!
Terá?
É possível mudar de chefe de governo num “abrir e fechar de olhos”?
É!
...Quase "como quem troca de camisa", sai Rajoy, entra Sánchez.
Que viva españa!
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- Texto adpatado da coniqueta “Chiquelinas” na bola", publicada em feveeiro de 2018

sábado, 2 de junho de 2018

"Pessoa", a rosa



… Já que me agradas tanto, posso mimar-te com a minha sombra



"(... ) o belo é coisa espiritual de cada indivíduo, nunca um objeto material (...)" - Hegel

segunda-feira, 28 de maio de 2018

O grito do "Tarzan"


O Duarte é assim… uma espécie de meu sobrinho.
Menino ladino e irrequieto (como convém), se tem uma bola por perto, dá uns toques "à Ronaldo", e quando a cama elástica tem espaço para mais um, salta, volteia no espaço - brinca, brinca e brinca (como convém).
Todos os meninos como o Duarte são assim, sadios, alegres e felizes, E os que têm menos do que tem o Duarte, o Kiko e a Nôno, os primos, são outros meninos…
Domingo, no aniversário da Nônô, como de costume, o Duarte fez parte da festa. Depois de uma sessão de saltos “acrobáticos”, uns minutinhos de pausa para recuperar forças. O Duarte, cansado e suado, tirou a tee Shirt, e eu, “tio emprestado”, provoquei-o com doçura:
- Ah… Tarzan!
Ao jeito do herói da minha adolescência, sem delongas, o Duarte brindou-me com um grito... “à Tarzan”, como se prova pela imagem.
Da Jane, a existir, nem sinal…

sábado, 26 de maio de 2018

Milagre da multiplicação

A  Smooth FM não brinda os ouvintes com a constância de interlúdios publicitários maçadores – e dá música a meu gosto. Tenho-a por companhia.
Leio, escrevo, e faço a faxina da casa na maior das calmas - abomino velocidades (talvez pela minha qualidade setentinha…) – quando a mente  diz para dar corda aos sapatos e aos neurónios.
E cuido do jardim - pago a quem cuida do quintal, que é enorrrrrrrrrrrrrme!
O quintal, enorrrrrrrrrrrrme!
Ainda nas calmas,   na semana passada, tratei um pedaço de terra, rasguei-a com  uma enxada em tempos usada por gigantes, e  deixei nos sulcos pedaços de batatas greladas. 
… Não tarda, tenho batatas biológicas no prato.
E feijão verde também!
O jardim tem rosas biológicas de várias cores.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

O Labirinto da Saudade - o filme



Vi o anúncio na RTP, registei dia e hora, e hoje, quarta-feira, no conforto do sofá, não perdi um gesto, uma palavra, uma vírgula – nenhum pormenor! - do documentário O Labirinto da Saudade, baseado no livro escrito pelo maior pensador português da atualidade: Eduardo Lourenço.

Da excelência do filme, no seu todo, haja quem enalteça as maiores virtudes da produção, que não eu, pela ausência de conhecimentos sobre “arte de fazer” cinema. Quanto à sensibilidade do argumento, que me tocou com intensidade, dei comigo afundado no sofá por longos minutos depois da ficha técnica ter chegado ao fim, pensativo...
O Labirinto da Saudade vai estar nas salas de cinema – a não perder!
Remeto o (a) leitor (a) para o texto, igualmente excelente, do “Observador”, intitulado
“ Eduardo Lourenço: 95 anos como filósofo do nosso labirinto”.


https://observador.pt/2018/05/23/eduardo-lourenco-95-anos-como-filosofo-do-nosso-labirinto/

António Arnaut : "Canto de Job"







Falava-se de Torga e das memórias da sua passagem pelo meu concelho, Arganil. 
A Editorial Moura Pinto apresentava com pompa ”Canto de Job” - um conjunto de poemas superiormente "enlaçados no abraço” fraterno de  António Arnaut, o autor. Exemplares eram 250, coube-me em sorte ficar com  o  69, assinado por si.
No Mosteiro de Folques, a festa era de  qualidade, não pela festa, mas  pela qualidade dos presentes. Ao jantar, fados de Coimbra e palavras de circunstância.  António Arnaut, a esposa e eu na mesma mesa. Há lembranças que retemos na memória pela importância das palavras. Ou dos atos…
Na presença do futuro Grão - Mestre do Grande Oriente Lusitano, qualquer tempo de partilha do (seu) conhecimento era escasso - como naquele dia, na “Quinta do Mosteiro”.
- Partiu para o Oriente  Eterno  no dia 21 do mês corrente.



quinta-feira, 17 de maio de 2018

Sem jeito nem força, mas com imaginação


Apesar de pequenote e franzino, com oito, nove anos de idade, tinha (alguns) gostos bem definidos, como “ser do Benfica”  nos futebóis jogados no largo da escola, ou no olival do Vale Poleireiro …
Vá lá saber-se qual a força maior que me levou à paixão pelo jogo da bola e pelo clube da camisola vermelha, a ponto de, aos domingos à tarde, de livre vontade, ficar “encarcerado” numa sala a ouvir o relato do “meu” Benfica, concentrado no jogo como se estivesse no estádio – e estava, mas no “estádio” que recreei na ardósia que usava na escola.
Sendo retangular, a “pedra” era o recinto de jogo onde desenhava as balizas e outros pontos de referência. Atento ao relato, imaginava as jogadas e, com  o lápis,  seguia o percurso da bola. A “visão” que tinha do jogo era tão “perfeita” que, à segunda-feira, discutia com os colegas da escola os pormenores dos golos, quando os havia…
Partilhei os “estádios” da minha ardósia, largos e outros campinhos de ocasião da aldeia durante dois anos; depois fui “transferido” para o então liceu D. João III, em Coimbra. Perto, havia (e há) um campo a sério, o Santa Cruz, espécie de amor de perdição da malta sempre que havia uma “borla”, fuga às aulas, ou depois delas. Foi no Santa Cruz que me transformei em “futebolista”, dos que correm mais  do que a bola!
Anos depois, já adolescente, em Lourenço Marques, passei a jogar a sério no “meu” Benfica… de lá. O emblema era igualzinho ao de Lisboa, a camisola tinha a mesma cor, mas… não era a mesma coisa.
Depois dos jogos, um sumo e uma sandes – não era nada mau!
… Mas o que fez com que tivesse “passado ao lado de uma grande carreira futebolística” foi a falta de jeito para as fintas e a ausência de força no chuto. Mesmo assim, uma vez marquei um golo. Foi cá uma festa…


terça-feira, 15 de maio de 2018

Amor (im)perfeito


"... - Olá, bom dia! - disse ele.
Era um jardim cheio de rosas.
- Olá, bom dia! - disseram as rosas..."
Principezinho

Gabriel Garcia Márquez "aconselhou-me" para nunca deixar de sorrir "(...), nem mesmo quando estiveres triste, porque nunca se sabe quem se pode apaixonar pelo teu sorriso"
Mais consentâneo com a (minha) realidade, sigo à risca as palavras do Nobel da Literatura:
- "O segredo de uma velhice agradável consiste apenas na assinatura de um honroso pacto com a solidão"
-
Adaptado de um texto escrito e publicado em abril de 2011

domingo, 13 de maio de 2018

...Portugal "ganhou" (outra vez)

Por razões muito pessoais, o Festival da Eurovisão da Canção (não este, mas o que se realizou em 1979, em Israel) é um assunto que não deixo de acompanhar de longe, pela TV. Como jornalista credenciado,  "estive por dentro" de um;  acredito que nem tudo mudou, desde aquele recuado tempo - mudou, sim, a grandiosidade, o aparato de cena, muito embora, em Jerusalém,  a final tenha sido de excelência. 
Quanto às "cantigas", é sempre mais do mesmo - estou de acordo com Vitor Belanciano, que escreve no Público de hoje, domingo: "... É como se tudo fosse estranho às próprias canções. É a encenação que as serve e não o contrário..."
Também "assino por baixo" o título que  o  jornalista do Público dá à peça: "Votou-se em Israel, mas Salvador Sobral e Portugal ganharam outra vez".

Salvador e Caetano cantaram "Amar Pelos Dois"
- FRANCISCO LEONG -
(BLITZ)
(Ler mais: https://www.publico.pt/2018/05/13/culturaipsilon/analise/votouse-em-israel-mas-salvador-sobral-e-portugal-ganharam-outra-vez-1829869)

sexta-feira, 11 de maio de 2018

"Lulu", a raposa


La Fontaine por certo não teria desdenhado juntar às suas fábulas a estória da raposinha que vem todos os dias – e à hora certa, mais minuto menos minuto! – “jantar” ao restaurante “Vale dos Amores”, perto de Fiais, na freguesia de Ervedal da Beira. Se os “animais falassem”, seria curioso conhecer de “viva voz” o que vai na cabeça da raposinha para se entregar de “corpo e alma” à gentileza da sua presença, que já se tornou um hábito. O proprietário do restaurante, Humberto Cerejeira, conta como tudo começou:
-“ Eu e a minha mulher, há uns quatro meses, começámos a notar que o saco do lixo aparecia rasgado. Pensávamos que era obra de algum cão que andasse por aí, de noite, mas um dia a minha esposa viu a raposa perto daqui e não fez nada para a assustar; então, o animal foi aparecendo, dávamos restos de carne, e ela acostumou-se a nós”.
O Humberto, carinhosamente, batizou-a de “Lulu”. No dia em que a reportagem do “Correio da Beira Serra” se deslocou ao Vale dos Amores, já a tarde caminhava para a noite, o restaurante tinha a esplanada bem composta de clientes, alguns deles, conhecedores da notícia, eram repetentes. A primeira surtida da raposinha tinha acontecido minutos antes, mas ficou a promessa do Humberto que “… não tarda por aí, é uma questão de esperarem um pouco mais, porque ela pega no pedaço de carne e vai, possivelmente, esconder, nunca come perto de nós…”.
A “Lulu” não tardou, os clientes mais atentos viram-na chegar; fez uma pausa a uns metros de distância, e como ninguém lhe fez negaças, aproximou-se devagar, orelhas levantadas e o olhar atento ao mais pequeno movimento.
-“Lulu”, toma – diz o Humberto – e o animal, sem pressas, aproximou-se por entre as mesas, abocanhou o seu quinhão de carne, e voltou, nas calmas, pelo mesmo caminho. A cena repetiu-se várias vezes, mesmo quando a ração era entregue por uma criança. Por vezes ficava parada perto da esplanada, como se esperasse que o “padrinho” a “convidasse” a entrar – só ele e a mais ninguém a raposinha “respondia”.
Numa floreira alta que fica perto, o Humberto escondeu um pedaço de carne; ela aproximou-se, um pequeno salto, farejou e… levou o “petisco”!
-"Não pensem que a “Lulu” come de tudo, tem o gosto refinado - comenta o Humberto - pão, só se tiver manteiga, não gosta de sardinhas assadas, prefere carne, mas do que ela gosta mais é de camarão”!
O animal é, como se calcula, uma atração no restaurante. Como mais vale prevenir do que remediar, foi desparasitada e já “…falei com o médico veterinário para ver se a conseguimos vacinar e colocar-lhe uma coleira”, acrescentou o Humberto que, a talhe de foice, sempre vai passando palavra aos vizinhos – não vá alguém ter a infeliz ideia de fazer uma espera à “Lulu, de caçadeira na mão…
(...) O “padrinho” tornou-se responsável por ela, cativou-a, como na estória do “Principezinho”, de Saint-Exupéry.
-“ Lulu, toma”!
-
Publicado  no "Correio da Beira Serra" no dia 5 de agosto de 2008, incluindo  a foto


terça-feira, 8 de maio de 2018

“Primatono”, ou “Ouprima" ?


Não é nada disto que se espera da primavera:
- à noite, uma espécie de cacimbo africano;
- de manhã, neblina – densa, que só visto;
- o  dia cinzentão, frio.
Não fora  o mês, maio, e diria que  estávamos no outono, outubro, talvez.
Pensando bem, a “coisa” não é, como dizer… assim tão  ruim:   hoje, tenho o melhor  de dois  mundos, os meus:  gosto da primavera pelo  colorido da natureza, e do outono pela ausência do calor em excesso. O tempo de agora bem pode  ficar conhecido  como “primatono”, ou “ouprima”, para quem é de inventar  palavras de sorrir antes e depois do batismo.
A língua portuguesa   não está cheia, como um ovo, de  dúvidas etimológicas ? Portanto…
No último domingo, dia 6, aqui para as minhas bandas, o calor foi de verão. Por voltas das quatro da tarde,  a “primavera”  estava de regresso a casa quando… “ai, que vem chuva!”  -  por sorte, logo ali,  adormecido, o guarda chuva   fez “pst, pst…”, anunciou-se,   e eu, numa pressa,  gentil, usei-o. Com a mão direita, depois de aberto,  ergui-o acima das nossas cabeças, e a mão esquerda acompanhou o braço com que a aconcheguei (a “primavera”) – não fosse ela constipar-se com a forte bátega que, entretanto,  caiu das nuvens.
Ainda lhe disse : “… parece que estamos em África”!
Não, não é nada disto que se espera da primavera…

segunda-feira, 7 de maio de 2018

... A linguagem das flores


As rosas, agora viçosas, logo murcham. Há dias assim, sem primavera a tempo inteiro, embora continue anunciada no calendário…
Antes que faleçam por si, “matei” uma num gesto egoísta, daqueles que não abonam as doces palavras com que enfeito o monólogo sobre o  pacífico convívio com a natureza. Se lhe quero tanto, às rosas, como posso ser cruel?
Apesar  desta falta de coerência, honrei-a com  um solitário de cristal.
A trepadeira que deu vida  à flor insiste em presentear-me com mais e mais botões  de cor grená - estou na dúvida se estes filhotes de roseira, ao sol, não brilham mais  do que as “rosas negras” que estão prestes  a nascer.
Diz quem  sabe:  esta roseira, única no meu canteiro, é uma dádiva dos deuses, por ser uma Black Baccara  (li no Google…). A ser verdade, esta bênção faz de mim pessoa de sorte, embora nada conste nas características dos “misteriosos” escorpianos … a não ser que seja (…) o símbolo de amor louco ou mesmo paixão fatal e, é por isso, que na linguagem das flores, a Black Baccara significa “o meu amor vai durar até à morte” ou “o meu amor por ti é profundo e eterno”.  li no Google, mas  está longe de mim votar a favor…
Ia de saída quando a memória  me disse que, além de um “crime”, cometi dois: ontem, domingo, colhi outra rosa cor de carmim, mas foi por uma boa causa - à troca, recebi um “amor-perfeito”.


quarta-feira, 25 de abril de 2018

Seriam cinco da tarde…


Então, lá vai:
 - À "saúde" do 25 de Abril!
Ecorropichei   o que restava  na garrafa do Jack Daniel's,  coisa pouca,  diga-se de passagem,  e voltei  a prestar atenção às notícias.
Depois do almoço caseiro, o café e uma “sossega”, como se diz por aqui (que bem podia ter sido uma “medronheira” na vez do uísque americano - fica para depois do jantar, acompanhada de figos secos, uma  gulodice, eu sei…). Entretanto, o repórter “coscuvilhava” a vida das pessoas, que sorriam à pergunta sobre o “seu” 25 de Abril:
– …Então, e o senhor, onde estava ?
Há datas impossíveis de esquecer e  esta, seja qual  for  a circunstância em que foi vivida, para os cinquentões e outros mais  crescidos na idade… foi “ontem”! Se a pergunta fosse feita  a moi même,   tinha a resposta na ponta da língua:
 - Estava a conduzir o meu Ford Escort GT (que máquina!) no bairro da Sommerschield, a caminho  do  “estádio” do Benfica de Lourenço Marques, na Costa do Sol, e dava  boleia ao meu amigo Carlos, guarda redes  do clube.
A conversa entre os dois era ligeira, o Rádio Clube passava música.
Seriam  cinco da tarde….
- “Senhores ouvintes, na madrugada de hoje houve uma revolução em Lisboa (ou um “golpe de Estado”?), há tropas na rua e… “ – a informação foi longa.
Eu e o Carlos, atónitos, ficámos sem assunto. Comentámos a situação, de todo inesperada, e tenho ideia de ter dito que “….que devia ter sido antes, já não tinha corrido “seca e meca” durante quatro anos...", feito militar, do sul ao norte de Moçambique.
… Felizmente nunca usei nenhum tipo de arma, a  não ser a caneta, a máquina de escrever e a Gestetner, máquina duplicadora milagreira na edição dos jornais do BC 20, em Vila Cabral, e do  BC 17, em Maxixe/Inhambane.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Ter ou não ter "garganta"


Não sou nada, mesmo nada, apoiante de Bruno de Carvalho, o sportinguista presidente do clube dos leões, mas reconheço que alguns dos seus "desabafos" aplicam-se com precisão a certos lideres e definem outras tantas posturas no que à dinâmica das ideias e posterior execução diz respeito. Com a devida vénia, faço cópia do título de uma peça de jornal:

“Garganta temos muitos, fazer é que está quieto”
(Tribuna Expresso -17.04.18)

terça-feira, 17 de abril de 2018

Chegou a primavera - e as andorinhas?


Todos os anos, por esta altura, o palacete cor-de-rosa era o porto de abrigo das andorinhas. Depois de longa viagem, os seus chilreios faziam-nos companhia até ao outono  - alegravam-nos, e eu, pessoa de hábitos, era por elas que sabia da primavera.
A primavera, é sabido, viaja nas asas das andorinhas…
Este ano, nem um pio: das andorinhas, nem sinal. Ficam por aí à solta milhões de mosquitos …
Os pesticidas são a causa maior desta ausência, penso - não vislumbro outra. A não ser que elas, as andorinhas, não gostem de casas vazias e abandonadas, ou do meu sítio, das pessoas, sei lá!
Possivelmente, atrasaram -se...
 … ou perderam  a bússola e foram passar o verão a outras bandas.

A "voz" da cerejeira


Tenho uma varanda panorâmica com vista para o Mont’Alto, o Santuário.
Se o zoom  da minha TZ70 estiver focado com o rigor da Panasonic, consigo ter perante os meus olhos pormenores do local, impossíveis de obter  sem  esta tecnologia;  a distância, em linha reta, que me separa do Santuário deve rondar  10kms bem medidos…
A olho nu, contemplo a paisagem, linda de ver em manhãs como a de hoje, serena e brilhante, sol a rodos - a primavera a mostrar-se eloquente no colorido com que “apaga”  as memórias do terror de 15 de outubro passado.
O silêncio é  total, incluindo o do vento - nem um  ligeiro sopro. A manhã, esta manhã, para ser perfeita, deveria trazer consigo o chilreio dos pássaros de arribação, como os pintassilgos coloridos e  canto  sublime.
...apesar da ausência dos pintassilgos e das andorinhas, sempre é primavera - é a minha cerejeira que o diz!

quinta-feira, 12 de abril de 2018

À lareira...


Não é do meu agrado este começo primaveril, com vento e chuva, algum frio e muita impaciência à lareira, onde fiz fogo quanto baste para aquecer o serão. Arde lenha de uma oliveira, que foi majestosa durante mais de um século. O incêndio de outubro reduziu-a a quase nada no tamanho do meu abraço, insuficiente para a envolver, quando viva -  quatro braços à sua volta faziam roda perfeita…
Com o tempo meio chocho, quem é de ausências feito nos cómodos de casa grande, entristece.
Entristecido, mergulho nas memórias acumuladas. Se as guardo, como coisas “vivas, e agora me cruzo com elas ao remexer arquivos, apontamentos, notas soltas, recortes de jornais e outras papeladas, é sinal de importância, tenham ou não viajado desde Moçambique até aos dias de hoje, ou mais recentes, depois do retorno à Pátria; importa, isso sim, o conforto de as ter presentes, entre mãos, depois de  longa viagem, por mais acidentada que tenha sido. Agora, “conversamos” em silêncio…

quarta-feira, 4 de abril de 2018

"Ópera" em Turim


Depois da "bicicleta",
acrobática,
termina o jogo;
se não terminou, devia ter terminado...
*
( Se eu  estivesse no estádio, tinha recriado o hábito de  certa figura de cavalheiro: sempre que "ia à ópera", via , ouvia, e  no tempo que  entendia por bem, depois de uma ária, por exemplo, aplaudia e abandonava  a sala - dizia que "estava com a alma cheia de tanta beleza"; depois  daquele momento, o espetáculo "tinha terminado"...)






sábado, 24 de março de 2018

A Escolha de Sofia

Almoço de "apetites" (da minha lavra, sem segredos - qualquer pessoa cozinha "tripas à moda do Porto"...) e fiquei disponível para ficar por casa, talvez com um filme por companhia...
Como não sou fã de fitas dramáticas, saltei de canal em canal até chegar à RTP Memória a tempo da sessão da tarde: "A Escolha da Sofia".
Como a protagonista dava (e dá!) pelo nome de Meryl Streep, sem ler o genérico, fiquei...
Agora que o filme chegou ao fim, estou "exausto"!
Lembrar a chacina dos judeus não estava nos meus planos - nunca está nos meus planos.
Para quem não conhece o filme, sugiro que o procurem na box da Meo (quem a tiver...), e regalem-se com mais uma das grandes interpretações da Meryl Streep.
Recupero a informação da RTP:
Um conto trágico do amor de um escritor por uma sobrevivente do holocausto
"Nos anos 40, uma emigrante polaca, depois de ter perdido dois filhos nos campos de concentração nazis, vai para Nova Iorque para tentar refazer a sua vida...
Lá, conhece um biólogo judeu cheio de problemas, com quem vive uma tumultuosa paixão...
Baseado no best-seller do mesmo nome da autoria de William Styron e assinado por Alan J. Pakula, um filme de grande intensidade dramática protagonizado por Kevin Kline e Meryl Streep, que tem aqui mais uma das suas grandes interpretações que lhe valeu um Óscar para a Melhor Atriz".

sexta-feira, 23 de março de 2018

Piercings & mini saias (2)

"Minissaias, piercings e tatuagens banidos do Hospital de Cascais - JN"


Li, mas não foi surpresa o que li…
Em 2008, quando a primavera era criança, passou-se algo semelhante, com honras de polémica institucional; moi-même, aqui na serra, na altura fui de critica ligeiramente afiada opinar no meu blog com barbas, o RiTuAL, e acrescentei uma estorieta sobre a clínica espanhola San Rafael, em Cádis:
https://ritualmente.blogspot.pt/2008/04/piercings-mini-saias.html

Agora, perante a “novidade” da notícia desta manhã, das duas, uma: ou adapto o texto de então e faço dele coisa nova, ou deixo a porta escancarada aos curiosos das ideias peregrinas do então deputado socialista Renato Sampaio, autor do "tal" projeto lei.Para facilitar, decidi partilhar por inteiro o post de abril de 2008.

...

O deputado socialista Renato Sampaio é autor de um projecto-lei que, eventualmente, pode alterar a liberdade de quem pretende decorar parte do corpo com piercings. Como a saúde está primeiro, entende o deputado que deverá existir legislação adequada aos malefícios das tatuagens e similares, o que me parece bem …

Confesso desconhecer pormenores sobre a matéria, verdade seja dita. Portanto, a estória dos piercings e das tatuagens é coisa que não me dá pena, mas se o Governo entende por bem emitir Lei sobre o assunto, que o faça, está no seu direito.

Ora, factos são factos (a propósito: no acordo ortográfico luso brasileiro, o vocábulo «facto» fica como está – uma boa notícia para os puristas) e quanto a isso, nada a fazer: o IVA sempre vai baixar lá para o verão, o que pode significar melhoria de vida para os portugueses, na opinião do Primeiro Ministro, mas quanto aos piercings nada está decidido - uma péssima notícia para quem os usa ou pensa vir a usar, depois de legalizada a sua aplicação – escolhi este dois “factozinhos” por me parecer que não estão no mesmo pacote das coisas importantes - ou talvez estejam – para o português comum… Acreditando que o projecto-lei tem pernas para andar; no futuro a quem competirá fiscalizar a aplicação dos pingentes? À ASAE? Pois, não se sabe, mas há-de ser giro o fiscal, depois de se identificar, claro, solicitar ao eventual “prevaricador” que mostre certas partes do corpo, por norma resguardadas no recato de um slip; a elas, que desça o decote e o soutien!

… Se desce o decote, porque não subir a bainha da saia?

O “Público” online, a propósito de saias curtas, conta como a clínica espanhola San Rafael, em Cádis, espolia em alguns euros as suas funcionárias pelo simples facto destas não usarem mini-saia, como está estipulado no uso do uniforme obrigatório. As senhoras, enfim, recusaram o traje que, além de deixar as pernas descobertas obriga ao uso de um avental justo e pouco prático – leio. Além disso, argumentam, sentem-se objectos decorativos; diz uma: – “quando estamos a trabalhar não temos liberdade de movimentos e não nos podemos baixar para atender doentes que estão acamados".

Apesar dos nossos brandos costumes, acho que entre nós este tipo de farda jamais teria opositores (as), digo eu que sou do tempo do grande sucesso da mini-saia (inventada por Mary Quant dizem uns, outros dão a paternidade a Pacco Rabanne), a não ser que a proibição viesse de instâncias superiores, alicerçada no pudico desconchavo de alguns senhores…

Se a administração da clínica de Cádis entende que o uso da saia curta é um paliativo para os seus doentes, nada a opor - o efeito placebo, pelo menos, está garantido!

Quanto ao uso de piercings, nada consta…


segunda-feira, 19 de março de 2018

... Milionário de afetos

O “Dia do Pai”, por cá com data fixa no calendário, a páginas tantas teve origem na mente de um sujeitinho danado para o negócio, digo eu, de mim para mim…
Consulto o portal do costume, mas fico na dúvida quanto à escolha de uma das duas versões - escolho a ternurenta americanizada, ou fico com a outra, também  ela  feita de ternura , “(…) que remete para o ano 2000 a.C. “
 Leio:
-“ (…) Um menino da Babilónia chamado Elmesu escreveu, num dia 19 de março, uma mensagem para o seu pai, em que lhe desejava saúde e longevidade”.
Lindo de ler - a minha mente (perversa e marota…) tinha uma ideia peregrina, agora desvaneceu-se, esfumou-se, por assim dizer - ainda bem que a data nada (?) tem a  ver  com o espirito mercantilista de um qualquer sujeitinho…

… muita saúde e vida longa

Com cinco filhotes no currículo, assumo-me como “milionário dos afetos” com que me mimam…
Cada um dos meus filhos é um mundo de vivências e emoções onde me completo na plenitude da minha vida “setentinha”, consciente dos meus pecadilhos de pai imperfeito.
Sendo como sou, assumidamente apaixonado pelos meus, pauto os dias pelo conhecimento do seu bem estar, na companhia das famílias que foram construindo e que acrescentam qualidade ao meu equilíbrio emocional.

... muita saúde e vida longa, meus amores.

quinta-feira, 15 de março de 2018

Pink Floyd - Talkin' Hawkin' (by Stephen Hawking)

"A fala permitiu a comunicação de ideias, permitindo que os seres humanos trabalhem juntos para construir o impossível. As maiores realizações da humanidade surgiram falando e as maiores falhas ao não falar. Não precisa ser assim. Nossas maiores esperanças poderiam tornar-se realidade no futuro. Com a tecnologia à nossa disposição, as possibilidades são ilimitadas. Tudo o que precisamos fazer é garantir que continuemos conversando ". - Stephen Hawking

terça-feira, 13 de março de 2018

O anúncio


Quem aprecia  sossego e algum isolamento social, sem ser eremita, procura sítios e lugares  talhados à (sua) medida.
Em função dos pontos cardeais, valoriza-se a localização da casa de férias, ou residência permanente, de preferência a preços de pechincha na hora do negócio.
Nasci com a sorte do destino (?) por ter visto pela primeira vez a luz do dia num quarto grande  e soalheiro da casa de família, feita de xisto. Mais tarde, o exterior da  casa foi coberto com argamassa e o sol não alterou a visita diária. Sou, pois, um privilegiado: depois de “correr mundo” regressei às origens e a este sol…
A minha aldeia é graciosa e simpática para quem chega. E tem um rio aos pés - a grande atração dos veraneantes, como foi, em tempos idos, dos senhores das suas margens, agricultores latifundiários; ao povo ficavam reservados fracos quinhões, leiras minúsculas de onde se retiravam os ”mimos” consoante a época; semeando, ou plantando, a terra tudo dava, ensinava o Borda-d’água…
Agora, hoje, “nada é como dantes”, acrescentam os que mais somam primaveras da vida dura aos relatos desses tempos. Sei do que falam, o “ti” Alberto e a Rosária, a esposa, o “Zé” padeiro e a  esposa Maria, meus vizinhos a duzentos metros para cada lado da minha casa. Quando eu era criança, tinham eles a idade dos namoricos. Hoje, a “vida é melhor”, sim senhor, mas as leiras estão de pousio, há pouca gente e desses poucos, poucos são os que semeiam ou plantam…
Havendo o rio, na minha aldeia, durante o verão e de passagem, há (quase) sempre gente oriunda  de outras paragens.
- Era uma casinha assim, com muito sol, que eu gostava de ter numa aldeia sossegada, com pão todos os dias ao domicilio, peixe e carne  uma vez por semana  à porta, como está naqui no anúncio… - suspira a senhora da autocaravana no repouso com vista para o rio.
Faltou acrescentar, no anúncio, que por cá também se vende  fruta variada (e outros produtos...) de forma itinerante.
Esta espécie de  “mini mercado” sobre rodas  faz-se anunciar   com toques de buzina, mais ou menos  estridentes. Se os eventuais  clientes não estiverem atentos, perdem vez... e lá se  vão  as compras.
"Perder  a vez" também acontecia, em tempos idos,  quando não se chegava a horas e nos dias certos ao largo da escola - era aí  que a carrinha da Biblioteca Itinerante da Gulbenkian  disponibilizava  “produtos prontos  a servir”, confecionados  por mestres como Camilo Castelo Branco, Aquilino Ribeiro, Júlio Verne…