domingo, 31 de janeiro de 2016

Quico - "chapa" cinco

Ontem o Lousanense dos pequeninos veio jogar a Coja, o "estádio" não tinha muito público, lamento, lamento não por mim mas por quem perdeu uma jogatina   "à séria", com golos e tudo ( tudo, quer dizer fair play, jogadas  à Ronaldo, com um dos golos do Francisco  de se lhe tirar o chapéu - sem chapéu, bati palminhas e gritei em voz alta para ele ouvir do outro lado do campo "boa, Quico", que é como o tratamos em família...).
O Lousanense venceu, mas se o meu C.O.J.A. tivesse ficado  com os três pontos, também ficava de bem comigo mesmo.O sangue da gente fala sempre mais alto - ontem fui Lousanense  "desde pequenino" - amor também é ser do Lousannese.... quando joga o Quico!
Resultado? O Quico marcou cinco (para mim , seis, mas devo ter feito mal as contas, a acreditar na contabilidade de um simpático espectador, da Lousã,  que ia fazendo risquinhos na palma da mão cada vez que a  bola beijava o "véu da noiva", como li na "Bola", vai para muitos e bons anos, ainda o grande Carlos Pinhão era vivo e escrevia maravilhas...
Vivam todos os garbosos atletas, onde incluo uma menina que alinhou na defesa do C.O.J.A.
O grande "viva", claro,  vai para o Quico - chapa cinco, nem o Ronaldo!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

António Casalinho - jovem bailarino em destaque

Admito um dos meus vícios: ler e ouvir notícias!
Este "defeito"  vem do tempo em que ganhava a vida  com palavras escritas em diversos jornais e revistas. "Retornado" a Portugal, vindo de Moçambique,  tornei-me profissional   numa  área onde tinha começado como colaborador nas páginas juvenis, e mais tarde correspondente  de um jornal diário. Lisboa recebeu-me  sem grandes gentilezas em 1975, mas isso são contas de outro rosário...
Voltando à notícia do dia: amante dos telejornais, vi  a RTP,  passei pela SIC e fiquei na TVI. Foi aí que ouvi e vi a entrevista ao jovem António Casalinho, de Leiria, creio, sobre a sua mais recente vitória   num festival/concurso de bailado clássico realizado  na América! Eram para cima de "muitos",  os concorrentes!....
Fiquei super contente  com a notícia, é bom de ver.  Depois das  guerras (do Orçamento do nosso Governo, à "novela" do jogador Carrillo, das mortes  provocados pelos bombistas aos  mortos  ao largo da Grécia, do  vírus Zica ao Ebola...) no jornal da  RTP,  um  "Ferrero Rocher" na TVI. 
Se  tivesse à mão os fofinhos e saborosos  bombons marchava  uma dúzia.....
Por hoje  estou saciado - não a mais notícias!
O abraço de parabéns (e uma embalagem de "Ferrero Rocher", das grandes!)  vai direitinho para o António Casallinho...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A tranquilidade do rio, a grandeza da montanha

Não tarda, chegam as férias…



Sendo o meu sítio, Barril de Alva, uma "porta escancarada" para as serras do Açor e Estrela, proponho um passeio de “sonho”!
Se vier de autocaravana, repouse no conforto da bonita Área de Serviço existente na aldeia, na margem direita do rio Alva. O parque tem espaço para setenta viaturas! Não se preocupe com as refeições: o restaurante, “Quinta do Urtigal”, serve excelente comida caseira a preços simpáticos. Reserve mesa para o almoço.
Se vier de carro, a Residencial Vitocalis, em Coja (sede da União das freguesias de Coja e Barril de Alva) é o local certo para pernoitar. Coja, no verão, é uma vila cosmopolita e ponto de encontro de quem demanda os “pequenos paraísos” da Serra do Açor. Apenas três quilómetros separam Coja e Barril de Alva. 
Se ficar pela “Princesa do Ava”, Coja, depois do pequeno almoço siga para o Barril de Alva, atravesse a ponte, um quilómetro adiante vire à direita, para a "Estrada dos Vales"; outro quilómetro percorrido, paragem obrigatória no Miradouro do Barril de Alva (vista soberba!).
Siga viagem, mais um quilómetro, corte à esquerda para Casal de S. João, continue na direção de Benfeita; a seguir, faça uma pausa prolongada durante a visita (a pé) à Fraga da Pena, regresse à sua viatura e siga um pouco mais até Pardieiros (aqui, para recordar o passeio, compre uma colher de pau, peça artesanal...); sem pressas, conheça a Mata Nacional da Margaraça. Depois, Monte Frio - mais uma paragem obrigatória para descansar o olhar. Continue a subir. A "páginas tantas", opte pela estrada que o irá levar ao Piódão.
… Soberbo, não é?
Na volta, à saída da aldeia, corte à esquerda para Chãs d 'Égua e descubra a arte dos nossos antepassados; em Foz d' Égua continue atento à paisagem e, a uma velocidade de "10 à hora", descubra o riacho que corre "lá em baixo" e por baixo de uma fantástica ponte suspensa! 
Deslumbrante! 
Respire fundo, continue "nas calmas", atravesse Vide, continue para Avô (excelente praia fluvial e visite os restos de um castelo que, diz-se, D. Dinis fez seu...). 
Continue ao longo do rio Alva para Vila Cova de Alva (5 kms), um pouco mais e vire à direita: Barril de Alva, 1 Km!
Que tal o dia?
   


 

           Barril de Alva
                                                                          Coja

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Homem faz pedido de casamento no Colombo


Ainda há paixões assim, lindas, doidas, tontas mas lindas, sinceras, desenvergonhadas, gloriosas por serem públicas. Espero que envelheçam de mão dada - é a derradeira paixão de quem ama.





"Um Almoço de Negócios em Sintra" - Gerrit Komrij

Terminei a leitura de um livro excelente, pela qualidade da escrita e das “estórias”. Apesar dos ventos que vão soprando algum progresso, estas cento e sessenta páginas de prosa refletem um pouco do povo que (ainda) somos – tão atuais em certos casos e situações, que me revejo em algum lugar à distância de oito anos.
"Um Almoço de Negócios em Sintra", "é um retrato em corpo inteiro de Portugal e dos portugueses…" à data da primeira edição; antes, já o autor deambulava por aí de olhos bem abertos, por isso não é de estranhar a sua perspicácia na análise de  costumes enraizados.
Gerrit Komrij, escritor, poeta, ensaísta e tradutor, é holandês pelo nascimento e "oliveirense" pelo coração. São da sua lavra as estórias reais que verteu para esta obra, editada e reeditada em 1999. Possivelmente, o livro está fora do circuito comercial, por isso não há intenção de levar eventuais leitores à sua aquisição, o que não seria de todo inútil, confesso, porque a leitura de "Um Almoço de Negócios em Sintra" talvez contribuísse para esboçar o auto retrato de alguns de nós. Estou certo que encontraríamos "pontos comuns" com algumas figuras ali descritas, não nos pormenores estéticos, mas perfeitamente identificados nas personalidades recebidas por herança e das quais não nos conseguimos libertar…
O autor, a dado passo, poetisa  imagem simpática, mas não compreende "o que é isso de existir uma alma portuguesa", talvez fatalista - tão fatalista como a força do fado que não consegue definir. É – escreve – "... sentimental de alto a baixo, sem nunca ser vulgar".
A aldeia onde mora o "nosso conterrâneo","... é muito carente..." mas o presidente de Junta de Freguesia (naturalmente o livro, no seu todo ou em parte, foi escrito por altura de eleições autárquicas) não se cansou de fazer promessas. "Veremos se cumpre, sobretudo o alargamento do cemitério"...
Hoje, Gerrit Komerij escreveria este livro?

Gerrit Komerij é uma das figuras mais marcantes da vida intelectual holandesa. Em 1993 foi-lhe atribuído o prémio P.C. Hooft de Ensaio, um dos mais importantes galardões literários do seu país. É autor de mais de meia centena de obras literárias e contabiliza uma mão cheia de prémios prestigiantes; em 2000 foi eleito pelo público para ser o Poeta da Nação (Holanda), estatuto que é atribuído por um período de cinco anos. Vive em Vila Pouca da Beira desde 1984.

Nota.. Faleceu no dia 5 de julho de 2012
(Crónica publicado em maio de 2009 e agora revista)



segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Miguel Torga no "meu" rio

SAUDAÇÃO
Não sei se comes peixes se não comes,
Irmão poeta Guarda-Rios.
Sei que tens céu nas asas e consomes
A força delas a guardar os rios.


É que os rios são água em mocidade
Que quer correr o mundo e conhecer;
E é preciso guardar-lhe a tenra idade,
Que a não venham beber...

Ave com penas de quem guarda um sonho
Líquido fresco, doce:
No meu livro te ponho,
E eu no teu rio fosse...

Miguel Torga, in Diário II, Barril de Alva, 28 de Setembro de 1942

*
"Pelos caminhos de Torga"

Passados 20 anos do falecimento do escritor Miguel Torga, a sua passagem por Arganil não foi esquecida tendo-se realizado no passado sábado o evento “Em Arganil pelos caminhos de Torga”.
Sob a égide do Prof. Doutor Carlos Carranca e com a participação da Escola Profissional de Teatro de Cascais, foi possível aos participantes vivenciarem alguns dos episódios da obra do escritor.
O percurso teve início em Santa Clara-Coja, passando pelo Barril do Alva, Vila Cova, Piódão, Cepos e por fim Arganil.
Na sede do Concelho, Miguel Torga foi invocado em frente ao Cine-teatro Alves Coelho, recordado junto do espólio do seu gabinete no Hospital Condessa das Canas e dramatizado na Mata das Misericórdias com a obra “Os Bichos”.
A sessão de encerramento teve lugar no Salão Nobre da Misericórdia, contando com a presença dos representantes do Município e com o presidente da Associação dos Amigos da Serra do Açor, Eng. Fernando Vale, que disse “Era indissociável ao falar-se de Torga, não nos recordarmos do seu amigo de longa data, Fernando Vale”.
(Santa Casa da Misericórdia de Arganil)
Barril de Alva, 23 de maio de 2015

domingo, 24 de janeiro de 2016

Bilene dos meus amores...

Cansados do inverno? Um saltinho  à terra  dos meus amores, Bilene, em Moçambique ( logo ali, "a dois passos" de Maputo), é o "remédio santo" - bem melhor do que caldos de galinha: cura viroses, enxaquecas, gripes e afins, neuroses, borbulhas,.... a saudade! Não esquecer  o fato de banho...


quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Frio....frio

Todas as casas da aldeia têm uma lareira estrategicamente colocada na sala; a minha  não foge  à regra, mas como  tem   quarenta e dois metros quadrados, não há calor que resista a tanto espaço "gelado". Excelente no verão, medíocre no inverno, a sala, reconheço, foi  mal projetada para  as necessidades dos utilizadores quando o frio aperta. A sala, não - a lareira!
Centenária, a casa, depois de remodelada do rés do chão ao telhado,  ficou um "brinquinho"; se bem me lembro, o frio era bem suportado - lenha é o que não falta por aqui! - mas  nos últimos anos a coisa vai de  mal a pior. A Estrela deve estar coberta de neve, é de lá que "vem o frio", diz o povo, não acredito, como  não acredito nas pessoas que afiançam  ter aumentado o frio, mais  do que nos anos anteriores. Pensando  bem, a explicação é outra: contabilizadas as primaveras da minha certidão de nascimento  surge  um número redondo  que faz trrrrrrrrrrim, como um  despertador, alertando-me para a  realidade, ao estilo  de... tem mas é  juízo  e deixa-te de "armar aos cucos", agasalha-te . Já não tens idade para serões até às tantas, mete-te na cama, liga a TV ou o tablet,  lê um livro,  e amanhã pode ser que o sol brilhe bem cedinho. Será?

"Sarabanda"

Ao quentinho da lareira com memórias  dignas de palavras...
Por agora, fico-me pelo sorriso da graça com que  Kris Kopke,  parceira de Armando Gama no duo "Sarabanda" nos anos oitenta,  no Funchal, se apresentou a ilustre figura da política local:
- Muito prazer, eu sou a "Sara", e ele é o "Banda"!
O meu caro Armando Gama ficou estático, não articulou palavra, e seguimos todos para "bingo", que é como quem diz, a caminho do ensaio da gala que, à noite, teria lugar no salão de charme do Hotel Savoy.
O duo "Sarabanda", fez um bonito sucesso com o tema "Coisas Simples" (1979?), mas o  êxito de "Esta balada que te dou" (ganhou o festival  da RTP), em 1983, levou  o Aramando Gama para outros voos "sonoros"...
De memória em memória, decidi  "vestir roupa nova" no blog,  e rodopio na dança das palavras  - fico "SARABANDA"  ate ver...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

"Esta palavra saudade"...

A saudade é um “sentimento” semelhante ao amor, paixão ou ódio ?
Será (a saudade) sinónimo de nostalgia?
Leio no dicionário que tenho à mão : saudade - sentimento melancólico causado pela ausência ou pelo desaparecimento de pessoas ou coisas a que se estava afetivamente muito ligado, pelo afastamento de um lugar ou de uma época, ou pela privação de experiências agradáveis vividas anteriormente; nostalgia - sentimento de tristeza motivado por profunda saudade, especialmente de quem se sente estranho, longe da pátria ou do seu lar.
Diz o escritor checo Milan Kundera, a propósito da nostalgia e da tristeza : “(…) Para esta noção fundamental, a maior parte dos europeus pode utilizar uma palavra de origem grega e, além disso, outras palavras com raízes na sua língua nacional: añoranza, dizem os Espanhóis; saudade, dizem os portugueses. Em cada língua, estas palavras possuem um matiz semântico diferente…”.
Ora, de longe, o prestigiado Kundera aproxima-se com realismo do “fado português” (com toda a carga poética que lhe queiramos transmitir) e da palavra saudade que, segundo alguns tradutores britânicos, está classificada em sétimo lugar na tabela das mais difíceis de traduzir! Temos outra com as mesmas características?
Para os nosso irmãos de Cabo Verde, ficou sodade, ou sodadi, tal a influência linguística, e é assim, com sodade, que os emigrantes cabo-verdianos sentem a ausência, tal como nós, da Pátria, da família, dos amigos, dos cheiros e sabores, paisagens – de tudo o que existe na memória, até dos sonhos!
De Moçambique guardo cheiros, sabores, gentes, paisagens – tudo o que existe na ninha memória, até os sonhos!
Ilha de Moçambique

domingo, 17 de janeiro de 2016

Scaramouche



Cinzento, o domingo...
Fiquei junto à lareira boa parte do dia, as (duas) gatas enroscadas no sofá, cada uma na sua mantinha, felizes com o calor e a  companhia do "dono", e música, muita música, quase sem palavras - é assim  a  Smooth FM!
Andei com passos largos pelas  notícias da TV, alimentei as pombas, tratei do meu almoço, por pouco não apanhei uma molha durante o curto passeio pelo quintal, e voltei à TV. 
Da centena  de canais que tenho à distância de um toque escolhi o "Canal Memória", da RTP; estava de passagem, é certo, mas a viagem terminou quando reparei no anúncio  da "fita" Scaramouche
Depois de reforçar a fogueira aconcheguei-me no meu canto e esperei pelo filme, visto vezes sem conta, desta vez para recordar a bela Janet Leigh  - o trivial da estória  teve o seu tempo áureo -  e o final feliz do galã  Scaramouche.
Na falta de pipocas acompanhei  a matinée com figos secos e um copinho de medronheira, feita com o saber da mãe Natália  em tempos idos...
Agora, a "Banzi" ressona como gente grande  e  eu volto  à lareira.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Amigos para sempre


Qualquer semelhança com  a realidade é mera coincidência;
nunca fui presidente de nenhum clube, jamais vivi num terceiro esquerdo e não conheço nenhum Silva, candidato  - se conheci, não me lembro; recordo-me, isso sim,  de alguns comícios e bebícios, com honras de bifanas picantes e sardinhas assadas, minis "mijocas" e tinto martelado. Já não se fazem comícios "sérios" (nem bebícios!) destes - ora bolas... Janeiro/ 2016


Janeiro/ 2006
Há um tempito zanguei-me por coisa pouca com o vizinho do terceiro esquerdo. Era chato porque o senhor cruzava-se comigo e eu ficava sem jeito: "olho para ele ou não, digo bom dia ou finjo que não o vejo"? Estas dúvidas atormentavam-me com frequência, ou com a frequência com que passávamos um pelo outro, para ser sincero. Então, resolvi fazer as pazes com o senhor Silva (é o último nome do meu vizinho...) e agora, pelo Natal, desejei-lhe "boas festas", estendendo a mão. Retribuição da praxe, que agradeci. Simpático, este senhor Silva!... - Pronto, pensei, assim é que é bonito, os vizinhos não devem andar desavindos, ainda nos cruzamos em algum sítio público, com mais pessoas por perto, e continuaria a ser chato alguém notar a indiferença mútua... Confesso que fui um pouco agressivo com ele no dia em que decidi virar-lhe as costas - até fiz por esquecer o seu nome próprio, com o intuito claro de o desconsiderar aos ouvidos de quem estava. Errei, dou a mão à palmatória da professora Georgina, que já morreu, por isso descanse em paz, por mim está perdoada - as reguadas nem sempre eram justas, mas o que lá vai, lá vai. Como se vê, tenho esta mania de esquecer e perdoar os arrufos, as injustiças, etc, etc... Entretanto, o senhor Silva candidatou-se ao lugar de presidente do condomínio do prédio que habitamos e não está de modas: organiza um comício junto à porta do elevador, no rés do chão, com a intenção de explicar aos restantes inquilinos as razões da sua candidatura (um ritual de todos os comícios, digo eu...) ! Ainda lhe zumbi ao ouvido que sem um "bebício" era difícil juntar as pessoas, o senhor Silva concordou e deu, de imediato, ordens à técnica da limpeza das escadas para comprar bifanas, "minis" e sumos sem gás. Como sou presidente do clube do bairro e tenho alguma influência (modéstia à parte) junto dos vizinhos do primeiro andar e não só, o senhor Silva, sem qualquer intenção de se aproveitar da minha posição social, é preciso que se diga, convidou-me para estar ao seu lado no dia da festança. E assim foi! Até usei da palavra para afiançar que a nossa desavença foi coisa de putos, hoje somos grandes amigos, enfim.... disse o que a ocasião pedia, do alto meu havano, num jeito tipo democrata, eu é que sei, eu é que mando - essas coisas que sempre se dizem quando se tem um estatuto social como o meu! Agora é esperar pelo dia das eleições, que estão para breve.
Publicado em Janeiro de 2006

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

David Bowie: "um trabalho de arte"

David Bowie

A notícia chegou de chofre, fora de tempo para incluir no meu "cestinho de cerejas" a saudade David Bowie. Melhor assim - os fãs incondicionais ganharam mais algumas  horas de ilusão: seria eterno? Diz quem pensa saber o bastante sobre desígnios do destino, que o génio "adivinhou" o ponto final da sua existência terrena, deixando-nos  'Blackstar'  como prenúncio do último adeus. 
"A morte dele não foi diferente da vida dele - um trabalho de arte", disse o seu amigo Tony Visconti. Paz à sua alma...

sábado, 9 de janeiro de 2016

Cestinho de cerejas

Uma das prerrogativas de quem guarda memórias é ter saudade de qualquer coisa, de alguém, de um tempo. 
Se ouço um fado de Coimbra – um que seja! – vem a saudade das serenatas que, durante um ano letivo,  ausentaram o meu sono noites sem conta. Ao lado da casa onde morava havia uma república feminina – era por elas, as meninas  do segundo andar, que os estudantes faziam trinar as cordas das guitarras e sobressair as vozes potentes, entoando melodias românticas: eles, “perdidamente apaixonados”; elas, “…bate, bate coração / louco, louco de ilusão…”, quais Cinderelas, que o Paião havia de imortalizar anos mais tarde.
O Carlos Paião - algumas pessoas, como o Paião, deviam ser eternas, não pelas memórias que guardamos de si, mas “vivinhas da silva”, em carne e osso, para podermos usufruir do seu talento com deleite. Por exemplo: “apetece-me” ter saudade do Elvis Presley e da sua música Gospel com que enfeitei a minha juventude. O Elvis nunca deveria ter “entregue a alma ao Criador”, depois dele foi o vazio; apareceram cópias sem importância de maior, o “rei”, na verdade, era – e continua a ser – “único”!
Outra saudade: o “divino” Michael Jackson “abandonou o barco” sem um adeus! O choque foi brutal, até para mim que sou mais Elvis do que Michael, e muito mais Paião do que os outros dois. E outros da arte de cantar como Amália, Vasco Rafael, Cândida Brancaflor, que me chegam à memória de uma vez só…
Citei o Carlos Paião: “apetece-me” (também) ter saudades dele por razões que vão para além do talento do músico, poeta e intérprete: como eu, ser adepto  do Benfica!
Já se sabe que as saudades, quando arrumadas num cestinho, são como as cerejas: atrás de umas, vêm outras...
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Texto adaptado de uma croniqueta publicada em julho de 2009

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Nem padre nem doutor

Passaram anos sobre o dia em que fui desterrado para um primeiro andar de uma casa sita na rua Dr. João Jacinto, em Coimbra, com a finalidade de chegar a doutor se para tal houvesse sabedoria.
A nobreza da intenção possivelmente foi abençoada pelo arcipreste Januário, pastor das almas da freguesia; porém, nem ele nem a minha família tiveram o cuidado de conhecer os meus anseios, coisa pouca, devo acrescentar: queria ser padre para entoar a imperceptível ladainha da missa ao domingo e usar uma “saia” negra como o prior.
Cá por casa tiraram-me daí o sentido com o argumento de que os padres não podiam casar e então, para não ter de inventar sobrinhas ou primas afastadas, o melhor era ser doutor de qualquer coisa e depois se veria com quem partilhar o aconchego da família oficial que havia de ter…
Coimbra e o Liceu D. João III seriam, pois, o destino da criança que eu era. E lá fui, com medos e vergonhas a fazerem mossa na imatura e periclitante personalidade. Fui, mas regressei no fim do ano letivo, vergado a um chumbo de dois “noves”, escrito a vermelho na pauta.
No ano seguinte, havia duas opções: o colégio de Oliveira, afamado, ou o de Arganil, que não lhe ficava atrás nos resultados académicos. Escolheram por mim: Arganil –sempre havia carreira de manhã e à tarde, e ficava sob a alçada da família, que continuava a insistir no “doutor de qualquer coisa” - padre é que nem pensar!
As voltas que dei na vida afastaram-me, definitivamente, de todas as vontades e desejos.
Mais tarde, os ares de Abril trouxeram-me de regresso “à terra”, deixando para trás, contrariado, um pedaço de África, como se tivesse arrancado à força o sonho de…ser doutor – ou padre! - e voltei a Oliveira do Hospital a tempo de conhecer gente que, se a roda da fortuna tivesse girado noutro sentido, bem poderiam ter sido meus condiscípulos no Colégio Brás Garcia de Mascarenhas. Agora ouço relatos de peripécias inarráveis em letra de forma, conheço estórias de sucesso, e sei da saudade com que alguns desses amigos recordam os tempos do “Brás”.
Tarde no tempo, continuo assim, “ nem padre nem doutor” de qualquer coisa – continuo aprendiz pela “leitura do conhecimento” de mestres como Fernando Vale ou João Soares ( de Oliveira de Hospital, não o “outro”…).






Croniqueta publicada em 2008, agora adaptada, Fernando Vale e João Soares, os "mestres",  infelizmente, partiram para o "oriente eterno".



https://youtu.be/iiKJmBgAfFE

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Sarah Brightman - "humanamente celestial"



Li o suficiente sobre anjos  para ficar na mesma quanto às incertezas da sua existência no Olimpo, onde moram  todos os deuses Na Terra, sim, alguns vivem tão perto de mim que quase lhes toco, são palpáveis, com poesia na voz,  vibratos  "celestiais", mágicos...
A  existir o céu, Sarah  Brightman  é celestial - humanamente celestial!
Ouço vozes como as de Sarah  Brightman, Nat King Cole ou Nana Mouskouri, logo existo!


domingo, 3 de janeiro de 2016

Princesa com "bigodes"

Não é a imagem simpática da minha gata "Satori ( minha, é como quem diz: a "mãe" é a minha filha Ana Rita, mas o regresso do Minho fez com que esta e a "Banzi"  assentassem arraiais  cá em casa; quem cria e "educa" pode ser um "excelente pai", tento que assim seja, mas hoje estou de relações cortadas com a "Banzi", passou ao de leve os dentes pela minha mão, não gostei, vai daí, hoje, nada de mimos...) que atenua o desgosto   da Graça Sampaio, "picosderoseirabrava", pelo facto de  ter perdido uma das suas "meninas" de quatro patas, a "Nikita", como  relata aqui:

http://picosderoseirabrava.blogspot.pt/2016/01/da-ca-uma-tristeza.html

Partilho  a sua "dor da ausência" de um animal  muito estimado.
Passei  as festas natalícias entre Lisboa, Caldas da Rainha e Lousã, junto dos filhotes, Por sua vontade prolongava a visita, mas as "meninas" tinham ficado sós em casa, com dois andares à disposição, a vizinha vinha ver como estava tudo, mas apesar  dos cuidados mínimos,  a lareira não tinha calor, a casa é um "gelo", e  sei  como elas gostam de  aproveitar o quentinho, como agora, ambas enroscadas, cada uma na sua mantinha, no sofá.
Voltei a horas decentes e fui recebido de "braços abertos". A "Banzi" tem lugar reservado na minha cama, aos meus pés, e a "Satori", tirando o hábito de  se estender ao comprido em cima do meu peito,  tem o sono tranquilo...

sábado, 2 de janeiro de 2016

Um rio que foi oceano

O meu sítio, Barril de Alva, tem recantos que, fosse eu poeta, havia de imortalizar em palavras nunca somadas em verso, com ou sem rima - bastaria que, em mim, houvesse engenho e arte para transformar o belo do pensamento...
O Urtigal exerce tal fascínio que me transporta aos silêncios de quando me sinto solitário, voluntariamente abandonado. Aqui, no Urtigal, nem solidão, nem abandono: basta o rio que me remete para curtas memórias do tempo de menino, feitas de fantasmas e medos. 
O rio, o "meu rio", já foi oceano. É por isso que o invento  à imagem da minha infância. Possivelmente, contínuo criança...

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

As minhas concubinas

…Então, foi assim: uns quantos amigos ficaram de pé em cima de cadeiras, outros, como eu, deixaram-se ficar sentados à volta da mesa, e quando os ponteiros se uniram num abraço, brindámos ao nascimento de 2016, que se quer mágico, como  Houdini.
O vizinho do lado fez subir no ar dois ou três foguetes, mais longe fogo de lágrimas e alguns estampidos, coisa pouca e de pouca dura, mas sempre deu para abrilhantar a noite. Na varanda, o concerto das tampas dos tachos  merecia mais público - o show   fui curto e sem aplausos  não há artista. O “palco” estava instalado dentro de casa e por aí ficou o grupinho familiar, que me recebeu como se fosse um deles.
Mais um ano, digo de mim para mim a caminho de casa, onde me esperam as concubinas que faço questão de ter por perto…
Só os mais próximos conheciam este segredo, agora assumido de forma pública.
Bem vistas as coisas, são elas o sustento que me permite continuar vivo e participar dos eventos a que me proponho assistir e de muitos outros, mesmo quando não sou convidado - pura e simplesmente anunciam-se e instalam-se à minha volta, dentro de mim, no meu dia a dia, invadem-me os sonhos...
Quase todos os desassossegos físicos  e alguns psíquicos  poderiam ser atenuadas, mesmo evitados, se tivéssemos tento nos comícios e bebícios, incluindo os petiscos fora de horas. Até que um dia - há sempre uma primeira vez! - qual sacerdote paroquial,  o médico confronta-nos  com o veredito  da penitência irrevogável para todo o sempre, amém! É nessa altura que as concubinas  passam a ser presença constante na nossa … dieta!
Pela parte que me toca, as minhas (concubinas) têm sido simpáticas, desempenham na perfeição o papel de anjos da guarda, mas torna-se difícil identificá-las pelo nome próprio. Amlodipina, Carvedilol, Perindopril, Tromalyt, Ezetrol e Crestor  são “nomes de gente” ?  
A propósito, lembrei-me agora que ainda não cumpri com a minha obrigação diária e é quase noite. Ainda me dá uma coisa má e eu quero muito ver nascer 2017 - pelo menos! - e o crescimento dos netos.
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Ilustração surrupiada  na net